O turismo em Portugal continua a bater recordes atrás de recordes e o crescimento da oferta hoteleira está a acompanhar esta tendência. A fórmula é simples: com o número de turistas a aumentar é preciso ter oferta em termos de alojamento para dar resposta.
E os números falam por si: em 2018, deverão abrir 66 novos hotéis em Portugal, dos quais quase dois terços (43) em Lisboa e no Porto, e 18 unidades hoteleiras serão remodeladas. Os dados foram revelados pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP). Feitas as contas, no conjunto de 2017 e 2018, Portugal deverá ter mais de 90 novos hotéis.
As regiões de Lisboa e do Porto lideram nas aberturas, com a previsão de 29 novos hotéis na capital e 14 no Porto. Já na zona centro abrirão portas nove hotéis, na Madeira oito, no Algarve quatro e no Alentejo dois. Quanto a remodelações, Lisboa e Porto contam seis hotéis, cada uma, três no Algarve, dois na Madeira e um na zona centro. A contrariar esta tendência estão os Açores, onde não há perspetiva de abertura de novos hotéis ou de remodelação de algum existente.
Também a Confidencial Imobiliário, após a análise de pré-certificados energéticos emitidos pela Agência para a Energia (ADENE), tinha dito ao SOL que tinham entrado em processo de licenciamento 129 novos hotéis neste último ano e meio. Segundo os mesmos dados – que compilam informação entre o ano de 2016 e o primeiro semestre de 2017 -, as tipologias de três ou menos estrelas dominam a nova oferta, correspondendo a 56% dos pedidos de licenciamento, com as categorias de quatro ou mais estrelas a corresponder aos restantes 44% dos pedidos. Os hotéis foram o tipo de projeto dominante no total nacional de novos pedidos de licenciamento referentes a imobiliário turístico iniciados nos 18 meses em análise.
A par do aumento da oferta outra prioridade do setor é aumentar o preço e melhorar a taxa de ocupação por quarto. A Associação da Hotelaria de Portugal acredita que é possível melhorar o preço tendo em conta o que o nosso país oferece em comparação com outros destinos. Essa necessidade também é reconhecida pelo Governo que tem vindo a defender a uma maior aposta no crescimento em valor, ou seja, subir as receitas turísticas e aumentar a rentabilidade das empresas.
Mas para melhorar este índice, o Governo admite que é necessário combater a sazonalidade, que ainda é vista como «acentuada», principalmente no Algarve. A ideia é simples: reduzir o impacto das variações da procura segundo a época do ano. Outro aspeto a melhorar diz respeito ao aumento da permanência média dos visitantes.
AL também dispara
Mas não é só de hotéis que vive a oferta turística e o alojamento local (AL) tem vindo a ganhar cada vez mais terreno, daí ser natural que o número de ofertas deste tipo de alojamento tenha mais do que quadruplicado desde 2014. Isto significa que a oferta passou dos cerca de 13 mil estabelecimentos em 2014 para mais de 55 mil espaços.
Para o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda, a oferta de alojamento local foi responsável pela dinamização do turismo, trazendo maior capacidade de acomodação e também diversidade, melhorando a competitividade do setor em termos internacionais.
«Sem o alojamento local era absolutamente impossível pensar nos crescimentos que tem hoje o turismo», acrescentando que este tipo de acomodação turística já é «um terço das dormidas e perto disso em termos de hóspedes».
Segundo o Registo Nacional de Estabelecimentos de Alojamento Local (RNAL), disponibilizado pelo Turismo de Portugal, estavam registados até 15 de dezembro deste ano 55.345 espaços desta tipologia de empreendimentos turísticos, localizados maioritariamente nos concelhos de Lisboa (10.611), Porto (4.881) e Albufeira (4.815).
Dos mais de 55 mil estabelecimentos registados, 36.289 operam na modalidade de apartamento, 15.228 em moradias e 3.828 em estabelecimentos de hospedagem, dos quais 506 são hostels.
Nos últimos três anos foram registados 42.061 espaços de alojamento local, já que até dezembro de 2014 se encontravam licenciados 13.326 estabelecimentos, número que subiu para 55.345 até 15 de dezembro deste ano, segundo os mesmos dados.
Quanto ao tipo de investidores neste segmento, o responsável da ALEP admite que 94% dos titulares de alojamento local são pequenos proprietários com uma a três unidades, em que 72% têm uma única unidade. «São qualquer coisa como 30 mil famílias hoje e microempresas que vivem e dependem do alojamento local», salientou o responsável, uma vez que os grandes empresários a investir no setor representam menos de 4% do total do alojamento local nos principais destinos.