Mensagem. Marcelo lembra que 2017 não foram apenas “vitórias”

Presidente da República exige o mesmo empenho nas “missões essenciais do Estado” que nas finanças e na economia

António Costa acabou 2017 com a garantia de que “foi um ano saboroso para Portugal”. Marcelo Rebelo de Sousa começou 2018 com a certeza de que não podemos falar apenas em “vitórias”. Na mensagem de Ano Novo, transmitida em direto a partir da sua casa, em Cascais, o chefe de Estado começou por destacar os êxitos. “Ninguém imaginaria há menos de dois anos poder partilhar tão rápida e convincente mudança. Sem dúvida iniciada no ciclo político anterior, mas confirmada e acentuada neste, que tão grandes apreensões e desconfianças havia suscitado cá dentro e lá fora”. Os sucessos da economia não foram, porém, o tema central da mensagem do Presidente da República. “Se o ano tivesse terminado a 16 de junho podíamos falar de uma experiência singular em que se somam vitórias”, disse Marcelo. Mas “um outro ano, bem diverso, se somou ao primeiro, a partir de 17 de junho”, ou seja, a partir dos incêndios de Pedrógão Grande.

A tragédia dos incêndios, que tiveram como consequência mais de 100 mortos, levou o Presidente da República a “apelar a que, naquilo que falhou em 2017, se demonstre o mesmo empenho revelado naquilo que nele conheceu êxito, exigindo a coragem de reinventarmos o futuro”. Para o Presidente da República, o ano de 2008 “tem de ser o ano dessa reinvenção”. E insistiu: “Reinvenção da confiança dos portugueses na sua segurança, que é mais do que estabilidade governativa, finanças sãs, emprego crescente, rendimentos, é ter a certeza de que nos momentos críticos as missões essenciais do Estado não falham , nem se isentam de responsabilidades”.

O apelo de Marcelo pode ser entendido como um recado para o primeiro-ministro, António Costa, que nas suas intervenções destaca sobretudo os bons resultados conseguidos nas finanças públicas e na economia. Marcelo entende que isso não é suficiente e é preciso garantir que tragédias como as que aconteceram este ano não voltam a repetir-se. “Temos de afirmar nesta exigente frente de luta coletiva a mesma vontade de vencer que nos fez recusar a resignação de uma economia e de uma sociedade condenadas ao atraso e à estagnação”, concluiu.

O PSD aproveitou a mensagem do Presidente da República para considerar que “as tragédias foram demasiado pesadas para que o balanço do ano seja positivo”. José Matos Rosa, secretário-geral do partido, defende que “o Estado falhou às pessoas” e é preciso “refletir sobre como o Estado, o governo e a classe política podiam ter respondido melhor às necessidades do país”.