A agitação é habitual a partir de cada 1 de junho ou 1 de janeiro. É a febre do mercado, a ânsia de ver quem vai mudar de clube (e de país) e por quantos milhões. De há uns tempos a esta parte, porém, a loucura começou a atingir níveis nunca antes sequer imaginados – e tudo descambou no último verão, quando o Paris Saint-Germain, guiado pelo multimilionário xeque catari Nasser Al-Khelaifi, resolveu abrir mão de 222 milhões de euros para garantir a contratação de Neymar, uma das grandes estrelas do Barcelona até então.
Essa transferência marcou o ponto de partida para o que viria a ser uma inacreditável sucessão de dinheiro gasto de uma forma impensável. Com o ímpeto de suprir de imediato a saída do brasileiro, e cheio de dinheiro fresco, o Barcelona contratou de pronto Ousmane Dembélé, um menino francês que tinha feito uma temporada interessante no Rennes e outra no Borussia Dortmund, por astronómicos 105 milhões de euros – o mesmo valor pago um ano antes pelo Manchester United para tirar Pogba da Juventus. Já no fim do mercado, o PSG assegurou ainda Mbappé, um dos mais entusiasmantes jogadores do futebol mundial, por 180 milhões – embora neste caso tenha contornado as regras do fair-play financeiro impostas pela FIFA, assegurando o jovem por “empréstimo” do Mónaco até ao fim da temporada e aí então passando o cheque.
Por esta altura, os 94 milhões de euros gastos pelo Real Madrid em 2009 para contratar Cristiano Ronaldo ao Manchester United até já parecem migalhas. E falta muito pouco para essa transferência sair do top-5 de sempre, onde ainda se encontra: é que o Barcelona está prestes a fechar acordo com o Liverpool para assegurar os serviços de Philippe Coutinho. Fala-se de valores a rondar os 150 milhões de euros, o que faria do médio brasileiro o jogador mais caro da história no mercado de inverno – e do Barcelona – e o segundo em absoluto, só atrás de Neymar.
Até a nike deu uma ajuda O acordo entre o Barça e Coutinho está fechado desde agosto. Aí, o médio chegou a afirmar publicamente o desejo de se mudar para Camp Nou, sendo até acusado de simular lesões para não jogar pelo Liverpool. A vontade de ambos, porém, esbarrou nos reds, que não permitiram a transferência. Desta feita, todavia, a imprensa inglesa revela que o clube de Anfield já aceita negociar com os catalães. Para tal, muito terá contribuído a resposta da equipa nos jogos que Coutinho já falhou esta temporada – em dez, o Liverpool só perdeu um, e frente ao todo-poderoso City de Guardiola. Salah revelou-se um reforço fenomenal e a parceria com Roberto Firmino e Sadio Mané tem resultado em pleno.
A juntar a todos estes ingredientes há ainda a ausência de Coutinho no último jogo, frente ao Burnley, e também a rábula com a Nike, que no seu site oficial convidava os clientes a comprar a nova camisola do jogador… no Barcelona. O Liverpool prometeu desde logo agir judicialmente contra a marca desportiva, mas ficou bem percetível que o negócio não deverá tardar.
O Liverpool, refira-se, está a ser para já o grande agitador deste mercado. Logo no primeiro dia do ano, os reds anunciaram a contratação de Virgil van Dijk ao Southampton por 84,5 milhões de euros, fazendo do central holandês o defesa mais caro de sempre. Mais um sinal de encaixe avultado dentro de pouco tempo – alguém duvida mesmo que será pela venda de Coutinho?
Guardiola ataca Alexis Sánchez Antes do raide do Liverpool por Van Dijk, já o Atlético de Madrid havia gasto 66 milhões no resgate de Diego Costa. O avançado hispano-brasileiro acertou o regresso aos colchoneros já no verão, depois de ter caído em desgraça perante o técnico Antonio Conte no Chelsea, mas teve de esperar seis meses para poder voltar à ação. É que o Atlético estava impedido pela FIFA de fazer contratações precisamente até ao dia 1 deste mês; agora, Diego Costa está de volta e até já foi utilizado ontem na Taça do Rei, na vitória sobre o Lleida (0-4), onde até marcou.
Para já, estes são os grandes movimentos do mercado. Mas, como é óbvio, muito haverá ainda para contar até ao dia 1 de fevereiro. Ontem, por exemplo, a imprensa desportiva internacional dava conta do interesse de Pep Guardiola em Umtiti, central do Barcelona cuja cláusula de rescisão é considerada acessível pelo City: 60 milhões de euros.
Mas também Alexis Sánchez poderá estar no radar dos citizens. O chileno, ainda um dos melhores atacantes do mundo, termina contrato com o Arsenal no fim da temporada, pelo que esta é a última hipótese de os gunners conseguirem realizar um encaixe financeiro pelo jogador de 29 anos, que em 2014 chegou a Londres a troco de 42,5 milhões de euros. Guardiola orientou Alexis no Barcelona em 2011/12 e já teria convencido o avançado a juntar-se ao City no fim desta temporada; a lesão de Gabriel Jesus, todavia, terá despertado no técnico o desejo de contar desde já com o internacional chileno, que pode inclusive jogar na Liga dos Campeões, dado que o Arsenal esta época compete na Liga Europa. De acordo com a imprensa britânica, os gunners já aceitam negociar com o City e o preço de partida é convidativo: “apenas” 30 milhões de euros.