Hugo Soares, presidente do grupo parlamentar do PSD, não levou às reuniões da comissão permanente do partido (presidida por Pedro Passos Coelho, líder, e composta pelos seus vice-presidentes, Marco António Costa, Teresa Morais, Teresa Leal Coelho, Maria Luís Albuquerque e pelo secretário-geral Matos Rosa) o processo de alteração à lei do financiamento dos partidos, depois vetada pelo Presidente da República.
Além de Hugo Soares não ter discutido o assunto em reuniões da direção da bancada ou do grupo parlamentar, como o SOL já noticiara a semana passada, o jovem líder de bancada, que sucedeu a Luís Montenegro há menos de seis meses, falhou em levar o assunto à comissão permanente do partido. E Passos Coelho, sabe o SOL, não gostou. Nem da atitude nem da restante condução do processo, embora estivesse ao corrente das ditas alterações.
O facto do líder da bancada parlamentar ter acompanhado de perto todo o processo de alteração da lei do financiamento dos partidos vetada por Marcelo, levou o ex-presidente do PSD Marques Mendes a considerar o seu comportamento como próximo da «leviandade» política.
Lugar em risco
Com a lei vetada, o seu atual líder demonstrando que não gostou da forma como atuou neste processo e os candidatos à sucessão serem frontalmente contrários à lei, o lugar de Hugo Soares como líder da bancada parlamentar fica em risco. Santana Lopes considerou o sucedido como «incompreensível», Rui Rio achou que «não faz sentido».
Mesmo não vendo «com nenhum motivo de especial preocupação» o veto presidencial a uma lei que acompanhou de perto e ajudou a moldar, a verdade é que o antigo líder da JSD resolveu esta semana em conferência de imprensa colocar uma pausa, esperar que o partido escolha o sucessor de Passos Coelho (no dia 13), antes de tomar qualquer posição sobre o veto.
«O grupo parlamentar do PSD entende que não há pressa absolutamente nenhuma em tomar uma decisão em cima do veto do senhor Presidente da República. De resto, o PSD está num processo de eleição da nova liderança, que acontecerá já na próxima semana», afirmou o líder da bancada parlamentar na conferência de imprensa. «Durante muitos anos, com toda a naturalidade, o PSD conviveu com a lei que se encontra em vigor», acrescentou Hugo Soares.
Seja qual for o resultado das eleições internas do PSD do dia 13, o sucessor de Luís Montenegro na bancada parlamentar deverá ser incentivado a colocar o lugar à disposição depois da saída de Pedro Passos Coelho.
Para já, fica à espera que «seja eleita uma nova comissão política nacional».