Mais de metade dos alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário chumbam pelo menos um ano até aos 9.º e 12.º anos de escolaridade, tendo também nota negativa nos exames nacionais.
Esta é apenas uma das conclusões que constam dos dados mais recentes divulgados ontem pelo Ministério da Educação, que avalia este indicador, o chamado percurso direto de sucesso.
No passado ano letivo (2016/2017), 46% dos alunos do 3.º ciclo chegou ao 9.º ano sem ter chumbado obtendo, cumulativamente, notas positivas nas provas nacionais de Português e Matemática. A percentagem traduz 91.954 alunos. Menos 2.520 alunos face ao ano letivo 2014/2015, o primeiro em que Tiago Brandão Rodrigues estava aos comandos do Ministério da Educação. Estes são alunos que três anos antes resolveram as extintas provas nacionais a Português e Matemática – em vigor durante o anterior governo – quando estavam no 6.º ano de escolaridade.
O mesmo cenário acontece entre os alunos do secundário. Em 2016/2017, 42% dos alunos chegaram ao 12.º ano de escolaridade sem terem ficado retidos desde o 10.º ano com notas positivas nos exames nacionais, cumulativamente. Eram 60.328 alunos que estavam nessa situação, tendo sido registado um pequeno aumento (1.778) no número de alunos com um percurso de sucesso: em 2014/2015 eram 58.550 os estudantes do 12.º ano que não tinham ficado retidos desde o 10.º ano.
Uma melhoria tímida no indicador de sucesso dos alunos para a qual o secretário de Estado da Educação, João Costa, diz que é preciso “olhar com alguma calma”, lembrando que houve uma melhoria nos resultados dos exames nacionais.
Menos chumbos no norte
Os dados revelam ainda que os três distritos onde há mais alunos a chegar aos 9.º e 12.º anos sem chumbar são da região norte do país. No caso do 3.º ciclo, é nos distritos de Coimbra, Braga, Aveiro e Viana do Castelo que mais alunos chegam ao 9.º ano sem nunca terem ficado retidos desde o 7.º ano e com notas positivas às provas de Português e Matemática.
No caso do secundário, é nos distritos de Braga, Viana do Castelo e Aveiro que mais estudantes chegam ao 12.º ano cumprindo todos os requisitos do indicador de sucesso.
No entanto, olhando para os 18 distritos do país, em nenhum se regista uma taxa de percurso de sucesso acima dos 50%, no ensino secundário. Ou seja, mais de metade dos alunos de todas as regiões do país chumbam pelo menos uma vez e têm negativas nos exames secundários, entre o 10.º e o 12.º ano de escolaridade.
O indicador expõe ainda que as raparigas conseguem obter melhores resultados do que os rapazes e que os alunos cujo agregado familiar sofre de carências económicas têm mais dificuldades em conseguir fazer o seu percurso sem reprovações. No 3.º ciclo, mais de metade das raparigas (51%) teve um percurso de sucesso contra 41% dos rapazes. Diferença que se esbate ligeiramente no secundário, onde as mulheres continuam a ter melhores resultados (47% contra 37% dos homens).
Estes dados estão disponíveis no portal de estatísticas do Ministério da Educação, o InfoEscolas, tendo sido consideradas 5.350 escolas e mais de 1,2 milhões de alunos. Deste universo estão excluídas as escolas com menos de 20 alunos.