«Angola é um Estado soberano e a situação que hoje estamos a viver é uma situação que, institucionalmente, é inexplicável», afirmou ontem o ex-ministro Miguel Relvas, em Luanda, numa entrevista à Televisão Pública de Angola.
Comentando o caso Manuel Vicente e os problemas que isso tem causado às relações entre Portugal e Angola, Relvas considerou que a situação «no plano factual, é uma situação que não é compreensível».
Mostrando apreço pelo ex-vice-Presidente de Angola, que conheceu no âmbito das funções institucionais que desempenhou, o ex-ministro de Passos Coelho, deixou o desejo de que «o processo, nestas circunstâncias e nesta situação, seja um processo célere para que as relações entre Portugal e Angola» possam voltar à normalidade.
Acreditando que as acusações contra Manuel Vicente não têm fundamento, Relvas sublinha: «Tenho a certeza que [Manuel Vicente] seria incapaz, como se irá provar, de cometer muitas das acusações que lhe são imputadas».
O ex-ministro português já tinha tecido esta semana, em entrevista à Rádio Renascença e ao Público, duras críticas à forma como este processo está a ser conduzido pela Justiça portuguesa, ao considerar que ainda «há setores em Portugal que olham para Angola – pior do que colonial – com uma visão neocolonial» e um deles parece ser a Justiça. «Angola é um país soberano, reconhecido por todos nós. A Justiça em Angola funciona, funciona com normalidade. Este processo é da Justiça angolana e é na Justiça angolana que devia ser tratado», disse.