A retirada dos estímulos do Banco Central Europeu (BCE) à economia tem estado na ordem do dia, mas em entrevista ao “La Repubblica”, o vice-presidente do BCE avisa que há o risco de uma apreciação injustificada da moeda única e que não há pressa para alterar a monetária da Zona Euro.
O BCE tem um compromisso de manter o programa de compra de ativos até setembro, com a hipótese de ser prolongado, se necessário, para além dessa data.
"Estou preocupado com movimentos bruscos que não refletem mudanças nos fundamentais", afirmou Vítor Constâncio sobre a valorização do Euro para máximos de dezembro de 2014. "Olhando para os fundamentais, a inflação recuou ligeiramente em dezembro", acrescentou.
De acordo com Constâncio, o BCE não deve "sufocar o crescimento" demasiado cedo, mas vê “ necessidade de um ajustamento gradual de todos os elementos do nosso ‘guidance’, se a economia continuar a crescer e a inflação continuar a avançar em direção ao nosso objectivo" de perto mas abaixo dos 2%.
"Isso não significa que as mudanças serão imediatas", acrescentou, salientando que os juros só vão subir bem depois de terminarem as compras de ativos. Também o o presidente do banco central alemão (Bundesbank) aponta para uma subida das taxas de juro a meio do próximo ano.
Jens Weidmann, que defende o fim do programa do BCE da compra de ativos este ano e é apontado como um dos potenciais sucessores de Mario Draghi à frente do BCE, diz que as expetativas dos analistas que apontam para o início do ciclo de subida de juros na Zona Euro em meados de 2019 são "realistas".
"Essas espetativas parecem alinhadas com as orientações atuais do conselho de governadores, que diz que as taxas de juro só vão subir bem depois do fim do programa de compra de ativos", afirmou Jens Weidmann em entrevista ao jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung”.
Weidman também defende o fim do programa de compra de ativos, sobretudo se a inflação der sinais de se aproximar da meta dos 2%. "Se continuarem os desenvolvimentos positivos, será lógico não efectuar compras substanciais de ativos para lá do que já está acordado", diz.
Questionado se defende o fim do programa já em 2018, o presidente do Bundesbank respondeu que parece "apropriado tendo em conta a perspetiva actual e é isso que está já descontado no mercado de capitais".
Os economistas preveem para uma taxa de inflação de 1,5% este ano e 1,9% em 2019, pelo que não antecipam uma subida da taxa de juro de referência do BCE antes de 2019. Esta está atualmente em 0%. A próxima reunião do BCE é a 25 de janeiro.