A Altice Portugal vai criar um Conselho Consultivo para as relações laborais e sindicais com vista a aumentar a eficiência nas relações entre os trabalhadores e a empresa, «promovendo uma maior capacidade de alcançar paz social, o estabelecimento de pontes e geração de consensos», apurou o SOL. Este novo órgão irá começar a funcionar nas próximas semanas e vai atuar no âmbito das funções que lhe foram destinadas «num regime de independência e imparcialidade».
A ideia surgiu com a nova administração, depois de Alexandre Fonseca ter assumido as funções de CEO no passado mês de novembro, e pretende reforçar o conceito de proximidade e criar uma maior estabilidade laboral, baseando-se em modelos já aplicados em outros países, nomeadamente os nórdicos.
O SOL sabe que as tomadas de posições que têm sido feitas pelos sindicatos face à vida interna da empresa, assim como o aproveitamento político em torno da Altice Portugal tem causado algum mau estar junto da operadora ao considerar que as decisões não estavam a ser bem comunicadas externamente, criando algum ruído em torno da atividade da empresa.
Para já ainda não se sabe com quantos elementos irá ser composto este concelho, mas seguramente irá contemplar com elementos da operadora – não só porque estão a par das normas e dinâmicas de funcionamento da empresa, mas também para fazer ligação com o departamento de recursos humanos – e com elementos externos de forma a ter uma composição pluralista e ser autónoma e isenta na avaliação dos dossiers.
Este foi um dos assuntos que esteve em cima da mesa na reunião que decorreu esta sexta-feira entre a empresa e sindicatos. «Este Conselho Consultivo vão abordar temas que são relevantes para a empresa e trabalhadores e, acima de tudo vai contribuir para reforçar o diálogo com os trabalhadores e com as estruturas dos representantes dos trabalhadores», garantiu ao SOL, João Zúquete da Silva, administrador com o pelouro dos recursos humanos no final do encontro.
Também abordada foi a medida de prolongar a dispensa de assiduidade aos cerca de cem trabalhadores que estão atualmente sem funções. Trata-se, no entender do responsável. de «uma medida normal, corrente e com respetivo enquadramento legal». Ao que o SOL apurou, estes trabalhadores vão continuar a receber o salário, o subsídio de almoço, de Natal e de férias, em que é dispensada apenas a sua presença no local de trabalho.
Uma medida que não agradou aos sindicatos que representam os trabalhadores da empresa. Ainda antes da reunião decorrer já tinham anunciado a realização de um plenário e de uma vigília junto do edifício da empresa em Picoas, no próximo dia 22, para protestar e exigir uma gestão que «respeite os trabalhadores» e garanta a estabilidade, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Portugal Telecom (STPT).
Recorde-se que, a operadora de telecomunicações PT, detida há dois anos pela francesa Altice, tem sido alvo de protestos por motivos laborais. Uma situação que a empresa pretende resolver com a criação deste novo órgão. No verão provocou muita polémica a mudança de 155 funcionários da PT para outras empresas –Tnord, Sudtel, Winprovit e ainda Visabeira -, recorrendo à figura jurídica de transmissão de estabelecimento. Destes, quase 30 já rescindiram contrato com a empresa.