Em 2017, os portugueses consumiram menos 5500 toneladas de açúcar, resultado da taxa aplicada às bebidas açucaradas. O imposto sobre o sal não passou no Parlamento, mas o Governo está determinado a continuar o percurso em direção a um país mais saudável: o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, revelou ontem que o Ministério está a preparar um acordo com a indústria agroalimentar cujo objetivo é a reformulação dos produtos, que deverão ser produzidos com menos sal e açúcar.
«Vamos com eles [indústria] discutir objetivos concretos para determinado conjunto de gamas de produtos, ao longo de vários anos. A nossa proposta é de três anos com metas anuais de redução de sal e de açúcar nos produtos que consideramos mais importantes para ver se conseguimos, por esta via, melhorar a qualidade da alimentação dos portugueses», disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde em entrevista à Lusa. Em vista estão produtos como cereais, batatas fritas, bolachas, tostas, sopas prontas a consumir, refrigerantes, leite com chocolate ou iogurtes, acrescentou Fernando Araújo.
O Governo pretende chegar a acordo, ao invés de insistir na criação de taxas. «Vamos propor que seja elaborado um cabaz dos [alimentos] mais representativos. Nos cereais, por exemplo, vamos tentar perceber quais os que 80 % da população consome e depois, anualmente, iremos medir o açúcar (…) de modo a saber se estamos a conseguir reduzir a quantidade de sal e açúcar que ficar definido com acordo com a indústria»
Para além do açúcar e do sal, na mira do Executivo estão ainda as gorduras trans (gorduras processadas produzidas pela indústria de alimentos).
Fim das baixas médicas?
A semana trouxe outros temas para os lados da Saúde. Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, revelou em entrevista à Lusa que propôs ao Ministério da Saúde uma revisão do modelo de baixas médicas emitidas no Serviço Nacional de Saúde.
Miguel Guimarães esclareceu que pretende que sejam eliminados os certificados de incapacidade temporária de curta duração, em específico aqueles que subscrevem a baixa até três dias. O bastonário defende que, com esta medida, seria possível eliminar 15% a 20% dos casos nas urgências e nos centros de saúde, especialmente à segunda-feira. A medida, adiantou o bastonário, já foi aplicada noutros países.
Ao i, Fernando Araújo adiantou que a primeira análise da proposta da Ordem dos Médicos será feita apenas pelo Ministério da Saúde. Só posteriormente a tutela planeia reunir-se com a Segurança Social, para uma análise conjunta que terá em conta o enquadramento de contexto e o impacto que poderá vir a ter uma revisão dos certificados.