No congresso regional do Partido Socialista da Madeira, que decorreu este fim de semana, mais do que Emanuel Câmara, o novo líder, que sucede a Carlos Pereira, a quem derrotou nas eleições de 19 de janeiro, foi Paulo Cafôfo, o presidente da Câmara do Funchal, o mais entusiasticamente aplaudido.
“É possível haver uma alternância democrática na Madeira e não tenho dúvida que ela acontecerá, finalmente, em 2019”, disse Câmara no seu discurso, durante o qual perguntou aos militantes socialistas quem gostariam que fosse candidato à presidência do executivo madeirense, e a resposta veio repetida da boca dos presentes: Cafôfo.
“O Governo Regional da Madeira está hoje ao alcance das mãos de todos os socialistas, não porque estamos iludidos, não porque prometemos o que não podemos cumprir, mas exatamente pelo contrário”, sublinhou.
Como afirmou ao i Célia Pessegueiro, presidente da Câmara de Ponta do Sol e apoiante de Emanuel Câmara, “a solução para umas eleições regionais não poderia ser como tradicionalmente apresentamos, com listas próprias, fazendo finca-pé num fechamento do PS. Sempre que nos fechamos, damo- -nos muito mal”. Para a autarca, “as pessoas querem mudar”: “Se houve coisa que sentimos durante estas eleições autárquicas foi a vontade das pessoas de mudar. Pelo menos no meu concelho diziam-me: ‘Vejam lá se ganham isto e depois metem lá no governo o Paulo Cafôfo.’”
Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, que abriu ontem os discursos na sessão de encerramento do xviii Congresso Regional do PS-Madeira, no Centro de Congressos do Casino da Madeira, veio trazer o acordo dos socialistas nacionais à estratégia defendida por Emanuel Câmara. Ana Catarina Mendes entrou na sala acompanhada do líder regional e de Cafôfo, e no seu discurso dirigiu-se ao autarca do Funchal: “Vamos ganhar as próximas eleições regionais na Madeira.”
João Pedro Vieira, vereador na autarquia do Funchal, a quem coube apresentar a moção de Câmara no congresso, garantiu que os socialistas “estão prontos para governar”, salientando que, apesar das divisões entre o novo líder e o cessante, “não existem dois blocos: existe o PS”. Um apelo à unidade que também foi sublinhado pelo novo líder no seu discurso: “Este congresso veio provar que estamos mais fortes. Que estamos unidos. Que estamos coesos. Que estamos mobilizados.” Como disse Ana Catarina Mendes, o PS “sabe que tem de convergir para vencer as eleições de 2019”.
Ainda recentemente, em declarações ao site Económico Madeira, Cafôfo afirmava: “Vi gente que estava muito arredada da vida do partido e que com a entrada de Emanuel Câmara quis fazer parte desta mudança histórica. Não sendo militante nem estando numa disputa direta, acabei por estar no epicentro desta campanha pelo meu desempenho à frente da Câmara do Funchal e porque o Emanuel Câmara considera que eu tenho condições para encabeçar uma candidatura à presidência do governo.”
* Com Filipa Traqueia