Tal como o SOL avançou no sábado, o abaixo-assinado já conta com 200 a 300 assinaturas.
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa tem estado debaixo de fogo. E esse conflito tem sido bem visível em alguns plenários realizados na fábrica de Palmela, onde um grupo de trabalhadores não tem deixado o coordenador da estrutura, Fernando Gonçalves, sequer falar. Aliás, para evitar ânimos mais exaltados, a CT tem optado por realizar, nas últimas semanas, plenários em horas diferentes de forma a reunir os trabalhadores por grupos que, por norma, estão divididos por funções, apurou o SOL.
O SOL sabe que o último encontro dos trabalhadores, realizado na quinta-feira da semana passada, terminou com a recolha de assinaturas para um abaixo-assinado que visa destituir a Comissão de Trabalhadores. O documento deverá ser entregue na próxima semana nos recursos humanos da fábrica de Palmela, que deverá convocar depois um referendo.
Também na semana passada foi denunciado um processo disciplinar, com vista a despedimento por justa causa, aberto a um trabalhador. Há quem diga que esta queixa tenha sido desencadeada pela CT face a uma troca de palavras mais acesas com um trabalhador – que disse ter-se sentido «enganado» por esta estrutura. No entanto, a estrutura liderada por Fernando Gonçalves tem descartado qualquer responsabilidade.
A verdade é que estas divergências não são novas, mas terão ganho novos contornos depois da CT não ter convocado a greve que foi pedida pelo grupo ‘Juntos pelos Trabalhadores da Autoeuropa’ para o início de fevereiro, altura em que arrancam os primeiros sábados de trabalho, resultado do novo horário laboral implementado a partir do dia 29 de janeiro, tal como já tinha sido avançado pelo SOL.
Neste último plenário, a CT considerou que esta não era a melhor altura para avançar com uma greve, tal como aquela que ocorreu a 30 de agosto, considerando que as negociações com a administração estão no bom caminho. Estas reuniões serviram ainda para fazer um ponto de situação das negociações do caderno reivindicativo, «onde já houve acordo em alguns pontos e noutros não», revelou a Comissão de Trabalhadores, sem adiantar pormenores.
Em cima da mesa continuam as reivindicações de um aumento salarial de 6,5%, com um incremento mínimo de 50 euros por trabalhador, valor superior à proposta inicial da administração, que terá sido de um aumento de 2% e 3% para os próximos dois anos – acima da inflação, de qualquer modo.
Também por resolver está a questão dos novos horários de trabalho a partir de agosto, altura em que a Autoeuropa deverá aumentar a produção de forma significativa para responder ao volume de encomendas do novo veículo T-Roc e desta forma terá de implementar os turnos contínuos.
Estas divergências surgem também numa altura em que o secretário-geral da UGT admitiu a existência de «agitadores profissionais» nos representantes dos trabalhadores da Autoeuropa e que estes devem ter consciência de que sem «estabilidade interna» existe o risco de «os alemães perderem a paciência».
Carlos Silva lembrou que há outros «países interessados» em acolher a fábrica automóvel e que «ou há estabilidade interna na empresa ou corremos o risco de os alemães perderem a paciência».