Luís Álvaro Campos Ferreira foi o nome que com mais força saiu do jantar que cruzou Salvador Malheiro, diretor de campanha de Rui Rio, com alguns deputados do PSD que apoiaram o líder eleito do partido. A refeição ocorreu a semana passada – tendo sido já noticiada pelo “Observador” – visando resolver o tabu parlamentar instituído desde a vitória de Rio contra Santana Lopes: quem substituirá Hugo Soares?
O atual presidente da bancada do PSD está de saída, na medida em que não só apoiou Santana Lopes contra Rio como a sua atuação não é do gosto do novo líder. Luís Marques Guedes, que já desempenhara o cargo e tivera regresso falado – mas para substituir Luís Montenegro -, recusou. Matos Correia, que também fora falado aquando da saída de Montenegro, no verão passado, fez o mesmo, tendo ambas as recusas sido noticiadas pelo i no início do mês.
Com a aproximação do congresso, Malheiro, um dos mais próximos de Rio, foi ouvir o que os parlamentares tinham a dizer a respeito do tema, mesmo que vários dos presentes (como Bruno Coimbra, Rubina Berardo e Pedro Alves, falado para secretário-geral) já durante a campanha tivessem estado muito presentes na candidatura do ex-presidente da Câmara do Porto.
O nome de Fernando Negrão, ex-ministro, que fora primeiramente lançado pelo semanário “Expresso” como nome mais consensual depois do não de Marques Guedes, começou por perder força quando este foi orador convidado num almoço do International Club of Portugal, também a semana passada, com somente uma parlamentar do PSD presente – quando Luís Montenegro, por exemplo, esteve na mesma sala, os deputados contavam-se às dezenas.
É nesse sentido, sabe o i, que nas conversas entre o núcleo extraparlamentar de Rui Rio e os rioistas já na Assembleia da República se tem falado – e muito – do nome de Luís Álvaro Campos Ferreira, ex-secretário de Estado e de peso institucional suficiente “não para agradar a todos, mas para certamente não desagradar à maioria”, clarifica fonte próxima do já referido jantar, em Coimbra.
Campos Ferreira já fora aludido pelo i como um dos nomes certos a ascender pelo menos a uma vice-presidência da bancada após o congresso, assim como o deputado Cristóvão Norte, protagonista do bom resultado de Rio na região do Algarve, e os antes mencionados Bruno Coimbra e Rubina Berardo. Adão Silva e António Leitão Amaro, os únicos vices de Hugo Soares que apoiaram Rui Rio, deverão manter posto, transitando para a nova liderança do grupo parlamentar.
Possibilidades de cooperação entre Rio e Santana Tanto Rio como Santana deixaram bem claro durante a campanha que iriam trabalhar juntos mesmo que fossem os derrotados da noite eleitoral. O que não se sabia é que a oferta mais provável do vencedor pode ser muito parecida com a que Passos Coelho fez a Paulo Rangel quando este foi seu adversário direto na corrida pela liderança em 2010: a Europa.
Segundo avança o “SOL” na edição desta semana, Rui Rio estará disposto a oferecer a Santana Lopes um lugar nas eleições europeias. O que fica por saber é se Paulo Rangel, atual vice-presidente do Partido Popular Europeu – a família partidária que inclui o PSD e o CDS -, continuará a ser o cabeça-de-lista dos sociais-democratas, como foi nos últimos dois mandatos.
As eleições para o Parlamento Europeu, que estão previstas para maio de 2019, são a primeira prova ao novo PSD liderado por Rui Rio, o que aumenta a importância do sufrágio.
Pedro Santana Lopes não seria um novato nos corredores de Bruxelas e Estrasburgo. Entre 14 de setembro de 1987 e 24 de julho de 1989, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi eurodeputado, tendo ocupado o cargo de vice-presidente da Comissão dos Assuntos Políticos.
A segunda opção do novo líder social-democrata seria colocar Santana Lopes a encabeçar a lista de Lisboa nas legislativas de 2019.