Hugo Soares subiu ao palco para o último discurso enquanto líder parlamentar do PSD para garantir que não existiu desentendimentos com Rui Rio. “Quer eu, quer o Dr. Rui Rio nunca nos desentendemos no que toca à liderança do grupo parlamentar”, afirmou o líder demissionário. O final do discurso ficou marcado por um abraço entre os dois sociais-democratas.
No entanto, Hugo Soares deixou uma crítica ao novo presidente do partido: “Considerava fundamental que o PSD dissesse já que não vai viabilizar o Orçamento do Estado (OE) para 2019”.
“No momento em que o PCP e o Bloco de Esquerda perceberem que há possibilidade do PSD aprovar o OE, eles são os primeiros a saltar fora e a fingir que nos últimos três anos não aconteceram e que eles é que são a verdadeira oposição”, afirmou Soares criticando os dois partidos de esquerda por “ao fim-de-semana” fingem “a oposição em Portugal” e “durante a semana” tanto o BE como o PCP “aprovam aquilo que o governo e o PS querem”.
Hugo Soares deixa uma questão a Rio: “Acha que deve ser o PSD a criar condições para que o BE e o PCP possam disputar em melhores condições as eleições legislativas?”
“Nós sabemos que o PS não executa o OE que apresenta. Apresenta o OE falso que depois cativa”, continuou Soares. “Por isso, Dr. Rui Rio, não é muito importante conhecer o orçamento porque ele depois não vai executar o orçamento que apresenta”.
O líder parlamentar demissionário falou ainda de dois temas que estão a ser apresentados na Assembleia da República: a eutanásia e as adopções ilegais da IURD. “Se [o PSD] quiser iniciar o processo legislativo” sobre a eutanásia, “temos a obrigação de ouvir o povo português”, defende Soares. “Nós não temos legitimidade para dizer o que queremos enquanto partido porque nunca ouvimos o que o povo tem a dizer sobre isso”.
Sobre o escândalo das adopções ilegais pela IURD, Hugo Soares defende que “o PSD deve mesmo propor uma comissão parlamentar de inquérito para perceber o que é que aconteceu às crianças”. “Se o estado falhou temos o direito de saber porque é que falhou para que não volte a falar”.