O Ministério Público acredita que Ricardo Salgado terá determinado o pagamento de subornos a políticos ligados a Hugo Chaves, um valor que totalizará 100 milhões de euros, para garantir negócios de empresas estatais venezuelanas com o BES. As suspeitas constam de um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, a que o “Correio da Manhã” teve acesso e que é relativo a um recurso apresentado por João Alexandre Silva, um antigo diretor do BES na Madeira, que está atualmente em prisão domiciliária.
Os alegados subornos – transferidos de mais de 30 sociedades offshores – terão saído da ES Enterprises, o alegado saco azul do Grupo Espírito Santo (GES), por decisão do ex-presidente do BES, banco de que a Petróleos de Venezuela era aliás um dos maiores clientes. A relação da petrolífera pública estendia-se ainda ao GES, do qual era investidora.
O compromisso assumido por Ricardo Salgado
“Os investimentos obtidos de entidades venezuelanas no GES, área financeira e não financeira, tiveram por base o compromisso assumido em nome, e com o acordo do arguido Ricardo Salgado, de serem efetuados pagamentos a pessoas venezuelanas que os tornaram possíveis junto de decisões das entidades públicas em causa”, revela o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa a que o “Correio da Manhã” teve acesso.
Quanto às entidades offshore que receberam os milhões, o mesmo acórdão explica ainda que se tratavam de contas sediadas no ES Bankers Dubai, na altura do Banco Espírito Santo.
Este acórdão foi proferido na sequência de um recurso apresentado pelo ex-direto da sucursal financeira do BES na Madeira. Segundo o Ministério Público João Alexandre Silva terá tido um papel importante em operações relativas a transferência de montantes pertencentes a personalidades venezuelanas do ES Bankers Dubai para o BES Madeira.
Autoridades do Dubai investigaram contas do ES Bankers
Pelas autoridades portuguesas estão a ser investigadas suspeitas de corrupção para comércio internacional, nomeadamente envolvendo políticos venezuelanos, no âmbito dos inquéritos do Universo GES.
As autoridades do Dubai chegaram a investigar o ES Bankers exatamente por suspeitas de que diversas pessoas politicamente expostas de nacionalidade venezuelana – sobretudo da era Hugo Chavez – poderiam ser os destinatários ou beneficiários finais de operações que tinham como destino final contas desta entidade bancária.