A reunião com Durão Barroso foi registada como um encontro com um representante da Goldman Sachs, mas o vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen veio dizer que se limitaram “a beber uma cerveja”.
A controvérsia tem a ver com o facto de José Manuel Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, ter assegurado por escrito ao seu sucessor – Jean-Claude Juncker – que não faria lóbi junto da Comissão Europeia após ser contratado pela Goldman Sachs. “Não fui contratado para fazer lóbi em nome do Goldman Sachs e não tenciono fazê-lo”, prometera, então, Durão Barroso a Juncker.
Durão Barroso terá mantido o prometido, pelo menos a julgar pelo comentário do comissário Katainen, que afirmou que tal não sucedeu.
“Somos amigos, conhecemo-nos há anos. Encontro-me sempre com os meus amigos, sejam eles quem forem”, garantiu o ex-primeiro-ministro finlandês ao site EU Observer.
“Se alguém estava a fazer lóbi, era eu. Estava a contar-lhe sobre a nossa ambiciosa agenda para o comércio e para a defesa”, prosseguiu, tentando desdramatizar. “Ele parece que leu os meus pensamentos e ligou-me ou mandou-me uma mensagem: Estás por Bruxelas? Vamos tomar um café. E eu propus-lhe que fôssemos antes beber uma cerveja”.
A Goldman Sachs já emitiu um comunicado, garantindo que Durão “recusou representar a empresa em quaisquer interações com representantes da União Europeia”.
Em outubro de 2016, o Comité de Ética da Comissão Europeia concluiu que o ex-presidente da comissão não violou os Tratados Europeus ao aceitar o convite para ser presidente não-executivo da Goldman Sachs, ainda que tenha demonstrado falta de “sensatez”.
Para Bruxelas, o ex-primeiro-ministro português não demonstrara “a sensatez que se poderia esperar de alguém que ocupou o cargo de presidente durante tantos anos”. Todavia, o novo emprego não violaria “o seu dever de integridade e discrição”.
Sobre encontros para cervejas, à data, não se haviam pronunciado.
O atual porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, já veio dizer que o comissário Katainen “seguiu religiosamente os parâmetros de legalidade aplicáveis”, tendo registado a reunião que sucedeu “36 meses depois da saída” de Durão Barroso da presidência da Comissão Europeia, quando o “período de nojo estipula somente 18 meses”.