Ou vai ou racha.
Amanhã, Fernando Negrão vai a votos na Assembleia da República como candidato à liderança parlamentar do PSD.
O deputado, que se propôs conseguir uma maioria de um voto acima de 50% da bancada para se declarar legitimado, tendo o apoio de Rui Rio, não enfrenta uma lista opositora.
Caso não o consiga – e o número de votos em branco ultrapasse a metade do número de deputados – levanta-se uma questão de legitimidade. E, ao que o i apurou, Hugo Soares não descarta avançar para uma recandidatura, caso a bancada seja obrigada a ir novamente a votos depois do dia de amanhã. Incentivos a isso – e à sua manutenção – não faltaram nos últimos dias. A este jornal, todavia, o líder parlamentar demissionário escusou-se a comentar essa possibilidade, não respondendo.
Apesar de Fernando Negrão ter o apoio do novo presidente do PSD, que nunca quis que Hugo Soares permanecesse no cargo, e levar até um amigo de longa data de Rio para seu primeiro vice-presidente (Adão Silva), deverá ter dificuldades.
Por um lado, os deputados ‘rioístas’ que sempre preferiram Marques Guedes – e Luís Campos Ferreira após a recusa do primeiro – não foram escutados por Rio, que escolheu Negrão apesar das opiniões em contrário.
Por outro lado, o congresso não foi simpático para os deputados que foram fundamentais na vitória de Rio nas diretas contra Santana Lopes.
Pedro Alves, presidente da distrital de Viseu, viu-se proscrito da Comissão Política Nacional (CPN) de Rio e da lista oficial ao Conselho Nacional, estando também agora fora da nova direção de bancada. Cristóvão Norte, obreiro da vitória interna de Rio no Algarve, idem.
Ao que o i apurou, Negrão levará para vice uma equipa reduzida – dos 11 de Hugo Soares passam a sete. O já referido Adão Silva, mas também os deputados Emídio Guerreiro, Carlos Peixoto, Rubina Berardo e António Costa da Silva.
António Leitão Amaro e Margarida Mano transitam da direção de bancada anterior, assim como o experiente Adão Silva.
Se a lista única perder para a ‘lista’ de votos brancos, o grupo parlamentar do PSD terá de ir a votos outra vez. Hugo Soares é favorito a tentar um regresso imediato. Campos Ferreira, por sua vez, não perdeu os prévios apoios.
Falta de respeito A quezília entre Hugo Soares e Rui Rio teve novo episódio. Depois de Hugo ter discursado no congresso, considerando que o modo como o processo de substituição da liderança parlamentar foi feito “ofendeu” a bancada, não foi chamado ao palco na cerimónia de encerramento da reunião magna, como é habitual. E essa não foi a última vez que este novo PSD esqueceria a inerência da liderança parlamentar. De acordo com os estatutos, o presidente da bancada do partido tem por inerência lugar nas reuniões da Comissão Política Nacional. Ontem, todavia, esta reuniu sem Hugo Soares, que ainda está em funções e o considerou um “desrespeito institucional grave”. Rio desdramatizou, pois Soares “está demissionário”.