Durou pouco mais de 1h30, mas deu para Rui Rio e Marcelo Rebelo de Sousa discutirem o que consideram ser as questões nacionais com maior prioridade: a descentralização e a gestão dos fundos comunitários. "Há duas matérias que estão em cima da mesa e das quais estamos a tratar: a descentralização e a gestão dos fundos comunitários", disse Rio.
Questionado pelos jornalistas sobre se tinham discutido reformas concretas, Rio respondeu que falaram "em questões de ordem estrutural", mas que "obviamente ninguém as terá numa pasta" por terem de ser "devidamente pensadas, estruturadas e conversadas" tanto dentro do seu próprio partido como com os "outros partidos", nomeadamente o PS. No entanto, "tudo o resto será a seu tempo e com calma", garantiu Rio.
Para Rio, e apesar de ter recusado que Marcelo tenha ficado com a tarefa de mediar as conversações entre PSD e PS, o "Presidente da República pode naturalmente ter um papel muito importante no sentido da aproximação dos partidos para um diálogo construtivo relativamente a matérias com as quais não é possível fazer esse diálogo".
Como que desmentindo o que Luís Marques Mendes afirmou no seu comentário semanal na SIC sobre o posicionamento de Rio perante a descentralização, o líder social-democrata rejeitou que a reforma de descentralização que defende é omissa em políticas para o interior. "O que está em cima da mesa é apenas uma parte da descentralização, que tem a ver com a passagem de competências para os municípios, mas isso é só uma parte", assegurou.
As divisões internas no seio da bancada parlamentar social-democrata têm dificultado e, para alguns, colocado em causa a liderança de Rio. Questionado sobre se iria reunir com a direção parlamentar esta semana, Rio disse que "a direção ainda nem está toda eleita", pedindo que se "deixe estabilizar". Uma situação que, segundo as críticas que nos últimos dias têm vindo a público, poderá demorar a "estabilizar".
Entretanto, falta ainda eleger os coordenadores das áreas sectoriais no parlamento para que todo o processo de eleição da direção esteja completo. Ainda assim, Rio deixou um aviso aos deputados que o têm criticado e recusado a colaborar com a nova direção parlamentar de Fernando Negrão: "Os que não quiserem colaborar assumem a responsabilidade de não colaborar", garantindo que irá "trabalhar com quem quiser trabalhar". Mas deixou uma porta meio aberto a quem queira recuar no caminho da oposição a Rio: "Os deputados são 89, portanto, à partida, contamos com os 89".
Sobre a lei de financiamento dos partidos e o posicionamento do PSD, o líder social-democrata disse apenas que iria "ver com a direção do grupo parlamentar em pormenor", mas que mantinha a posição assumida no decorrer da campanha eleitoral para a liderança social-democrata: é contra as alterações, que aliás já foram vetadas pelo próprio Marcelo.