Diogo Infante. “Incomoda-me uma certa pretensão intelectual de alguns artistas”

Ator, primeiro e sempre. Encenador, realizador, agora. Diretor de teatros. Primeiro do D. Maria II, de 2008 a 2011, agora do Teatro Trindade, em Lisboa, a que chega com promessas de uma revolução. Ser o «alternativo ao alternativo», a isso se propõe, «curiosamente», e sorri. Para Diogo Infante, quer isto dizer em 2018 e traduzido…

Primeiro espetáculo que encena no Trindade desde que no final do ano passado assumiu a sua direção artística, depois da saída de Inês de Medeiros, mas que não seria, nem podia, assunto único para uma conversa com o ator que, aos 50 anos, acaba de se estrear na realização. Só porque, recorda, sempre teve opiniões sobre tudo. E tem. Daí que não seja apenas sobre um homem a desdobrar-se entre quatro ofícios esta conversa. Várias vezes política, sempre sobre cultura.

Bernardete [Annette, no original francês de O Deus da Carnificina] vomitará em palco?

Está no texto [risos]. Todos têm que vomitar. É um ato muito importante na peça porque é o que vai desencadear uma série de ações. Portanto, tem que ser feito. 

À imprensa descreveu este texto de Yasmina Reza como uma «tragédia cómica ou comédia trágica, certamente negra». Diria que é uma tragédia contemporânea e ao mesmo tempo intemporal.

Este texto será um texto representável certamente daqui a 20 ou 30 anos. O que o torna intemporal é este retrato cínico da natureza humana e da forma como nos revelamos em determinadas circunstâncias. E os tempos vão mudando mas a natureza humana, como sabemos, muda muito pouco. Há uma componente animalesca que está impregnada no nosso ADN, que se manifesta nomeadamente na violência, com a qual temos que aprender a lidar. Estabelecemos regras e leis, vigiamo-nos e condenamo-nos. Mas, no limite, há algo que pode fazer despoletar um comportamento verdadeiramente agressivo. No caso, o pretexto é uma altercação entre dois miúdos, uma coisa aparentemente banal em que um agride o outro e o fere, parte-lhe dois dentes. Os pais tentam dialogar muito civilizadamente sobre o assunto mas, como depois a peça revela, de boas intenções está o mundo cheio, e acabam por não conseguir chegar a bom termo. Porque em cima desta nuance desta capacidade que temos de ser violentos quando levados a um limite qualquer – e os limites variam de pessoa para pessoa – a componente filhos é de facto muito curiosa porque nos leva a comportamentos inusitados, demasiado protetores, às vezes descabidos, no limite, ridículos. Essa capacidade que a Yasmina tem de pôr a nu um lado ridículo quase grotesco é deliciosa. De ver e de representar. Mas profundamente incomodativa.

Este espetáculo tinha sido programado já por Inês de Medeiros, que veio substituir na direção do Trindade. Um texto que apesar de relativamente recente foi encenado por todo o mundo, além de adaptado ao cinema por Roman Polanski. Que relação tinha com o texto quando partiu para a decisão de o encenar?

Nenhuma em especial, este texto é um pretexto para trabalhar com este grupo de atores, nomeadamente com estas duas atrizes [Patrícia Tavares e Rita Salema] de quem sou amigo. Surgiu uma vontade de fazermos qualquer coisa juntos e andei à procura de textos de peças que nos servissem a nós, intérpretes, com as nossas características. Havia um conjunto de temas que nos interessavam mas queríamo-nos divertir, queríamos poder brincar com coisas sérias. E este texto assaltou-me de imediato. Lembrei-me logo dele. Não vi a produção do Teatro Aberto [em 2009, sob o título O Deus da Matança], mas quando vi o filme [de Polanski] fiquei com a sensação de que o texto original pudesse ser teatralmente mais interessante. O cinema às vezes tende a racionalizar para um lado demasiado psicológico, no palco os comportamentos são mais exacerbados, mais potenciados. Intuí isso e quando fui ler o texto percebi que, de facto, havia ali uma dimensão que o filme não capta – ou que contém. Veio depois o trabalho de fazer a nossa versão, a nossa leitura. Depois do sucesso que teve aqui o Quem Tem Medo de Virginia Woolf [em 2017], a porta tinha ficado mais ou menos aberta para uma nova proposta, e foi o que fiz. Apresentei-o à Inês, mal sabendo que a estrearia depois nestas circunstâncias. Foi uma feliz coincidência. Vou poder dar o meu contributo enquanto ator e encenador a um projeto que agora também já é meu, embora estejamos ainda nesta fase de transição.

Sobre a chegada à direção artística do Trindade, adiantou já que para a próxima temporada podemos esperar um regresso aos clássicos. Isto porque sente falta desse tipo de teatro nas salas portuguesas, sobretudo depois do fim da Cornucópia?

Não só. A primeira razão tem que ver com gostar muito de textos clássicos, esses textos referenciais que nos moldam, que balizam as sociedades modernas e que são denominadores comuns do nosso imaginário coletivo. Acho muito importante que as novas gerações tenham acesso a eles. Isto é uma postura pessoal. Depois, achei que do ponto de vista da gestão de recursos e da casa que agora tenho sob a minha responsabilidade poderia ser uma boa aposta pegar em textos que me dão garantias. Ou seja: textos de grande qualidade, muito testados. É sempre um bom ponto de partida pegar num texto clássico porque há sempre uma curiosidade natural. E do ponto de vista da gestão isso permite-me maximizar os recursos de que disponho em temporadas de longa duração.

Quando fala em temporadas de longa duração fala quanto tempo?

Depende do projeto mas, no mínimo, dois, três meses, podendo eventualmente fazer mais. É a forma que tenho de rentabilizar por um lado o investimento e de, por outro, dar ao espetáculo espaço para respirar, para poder captar públicos. Aquilo a que me proponho aqui é gerar uma dinâmica de programação que crie um hábito de as pessoas virem ao Trindade ver determinado tipo de texto com determinado tipo de qualidade. Esse é o meu compromisso. Claro que, estando envolvido enquanto coprodutor, tenho uma palavra a dizer nos conteúdos. Isto é uma mudança de paradigma ao que tem sido a prática nos últimos anos no Trindade em que, muitas vezes por falta de financiamento, o teatro tem sido um espaço sobretudo de acolhimento e de divulgação de uma série de projetos de artes performativas e de espetáculos de várias naturezas. Agora a ideia é criar uma identidade própria. Vamos fazer um esforço no sentido de criar sinergias com outras estruturas de produção que tenham o mesmo tipo de vocação ou de ambição. E, respondendo à sua pergunta, sinto, já não de agora, talvez dos últimos oito ou dez anos, que a maior parte das estruturas com capacidade de produção própria enveredaram por um caminho dito mais alternativo, mais contemporâneo.

Está a falar nos teatros nacionais?

Os nacionais, os municipais, o CCB, a Culturgest. A maior parte das estruturas que têm dinheiro têm vindo a dar muito espaço a esse tipo de projetos.

É importante que também eles tenham espaço.

Muito importante, obviamente, mas houve um desinvestimento em estruturas e companhias que tradicionalmente fazem outro tipo de teatro, mais de narrativa, de histórias, de texto. E é pena. Falou na Cornucópia que era o exemplo máximo de um teatro que se dedicou durante décadas a isso.

E cujo encerramento teve um peso simbólico.

Acho que do ponto de vista da criação há um espaço para a criação deste tipo de espetáculos a que me proponho. São aqueles que a mim me dão mais gozo ver, mas também sinto que há um grande público com vontade de vir assistir a este tipo de textos. Uma coisa não tem que invalidar a outra, isto não é nenhuma guerra. São apenas ciclos, correntes e contracorrentes. O teatro que proponho fazer é agora curiosamente um teatro alternativo ao alternativo. O Trindade vai ser uma alternativa para os que não se reveem num teatro mais contemporâneo e de vanguarda. 

A seu ver esse tipo de produções não será também agora afetado com a reorientação da vocação do Maria Matos anunciada por Catarina Vaz Pinto?

Não acho nada, por acaso. O que vai haver, isso parece-me inteligente, é uma adequação do espaço onde aquele tipo de projeto estava a acontecer para um espaço que tenha a dimensão apropriada. Porque, como sabemos, o projeto para o Maria Matos do Mark Deputter nos últimos anos era profundamente desadequado àquela sala. Tanto que foi colocada uma bancada sobre a plateia para a sala poder receber as 50 pessoas que lá iam com frequência. A sala tem 450 lugares, havia ali uma disfunção. O mais inteligente é adequar os projetos aos espaços. O projeto que estou a desenvolver para aqui é pensado em função deste teatro. Se me propusessem desenvolver um projeto para uma sala de 100 lugares não seguiria o mesmo tipo de lógica e teria outro tipo de discurso. Aquilo que está previsto, tanto quanto percebi, é canalizar os projetos que tinham espaço no Maria Matos…

A programação infantil para o Camões…

… o que é fantástico porque passa a ter um espaço próprio, e a restante para o Teatro do Bairro Alto, a ex-Cornucópia, que tem uma dimensão justa e adequada. Até a própria sala tem uma polivalência que se prestará certamente muito melhor. Não me parece que se deva entender isto como uma afronta. Ninguém está a ser posto em causa. Acho que se trata sobretudo de uma gestão adequada dos recursos que são de todos nós. Estamos a falar de dinheiros públicos. As pessoas têm que entender que têm que prestar contas daquilo que fazem, que ninguém é imune ou está impune a uma avaliação crítica, social, económica e de gestão. A não ser que invista do meu próprio bolso, aí não tenho que dar satisfações a ninguém. 

Falando em dinheiro, esta semana, na segunda edição do Encontro Nacional de Escolas do Teatro, no D. Maria II, Tiago Rodrigues dizia que muitas vezes o problema maior nem vinha da incerteza ou da falta de meios, mas de uma «falta de dignidade e de respeito». E que «o teatro, as artes e o ensino das artes deviam ter um lugar central e digno na sociedade». 

O Tiago tem toda a razão. 

Isto na mesma semana em que o ministro da Cultura foi chamado ao Parlamento para explicar os atrasos nos concursos de apoio da Direção-Geral das Artes.

É um desrespeito crónico. Também é suposto o Instituto do Cinema [e do Audiovisual] abrir concursos em prazos previstos na lei que nunca acontecem… Há de facto uma falta de cuidado connosco, artistas. O Tiago tocou aí em questões essenciais para mim, que têm que ver com a educação. A forma como o próprio ensino nas escolas está estruturado é profundamente deficitária e merecia já uma reestruturação. Há anos que temos um modelo de ensino que assenta na acumulação de conhecimentos que supostamente nos serão muito úteis mas, na verdade, há toda uma zona que fica por explorar, que tem que ver com o desenvolvimento da personalidade, da criatividade, da sensibilidade – até da espiritualidade, se quisermos. A Matemática, as línguas, a História são muito importantes, mas também a capacidade de sonhar, a capacidade de projetar, a capacidade de criar. Isto às vezes pode ser até mais importante. E falo com conhecimento de causa porque tenho um filho com 15 anos, que se calhar tem outras coisas que preferia estar a desenvolver que lhe seriam mais úteis e fariam dele um ser mais feliz. É evidente que do ponto de vista artístico tento suprir essa falha pondo-o em contacto com manifestações artísticas. Mas se, de base, esse fosse um trabalho assumido pela sociedade, estaríamos necessariamente a criar públicos mais educados, mais formados, mais disponíveis, que sentiriam na fruição artística, seja ela performativa ou de outra natureza, uma necessidade. Um desejo. Como precisar de beber ou de comer. E isto não é presunção artística nem intelectual. Quando o próprio Governo não reconhece esse espaço, torna-se complicado reivindicarmos direitos, dignidade, prazos, respeito. Portanto é uma luta. Uma luta lenta. 

Tem esperança que a reformulação do modelo de apoio às artes proposta por este Governo traga alguma mudança?

Não estou totalmente a par porque não concorri aos apoios. O que percebi quando aqui entrei, a duas semanas do fim do prazo das candidaturas, é que o processo se tornou mais complexo e que é mais difícil às estruturas cumprir com todos os itens. Isso vai refletir-se necessariamente nos apoios. O que pode parecer aqui, e o que ouvi de algumas companhias, foi «querem acabar connosco». Com que sentido, com que objetivo? Não sei. Acho que é uma questão para se colocar ao Ministério da Cultura, para se perceber qual é a estratégia e o que se pretende. Também sabemos que durante muitos anos a atribuição de subsídios foi muito subjetiva, muito pouco criteriosa, muito pouco transparente. Estes critérios tentam corrigir isso, mas às vezes tornam-se incomportáveis porque estamos a falar de estruturas que têm muita dificuldade em sobreviver e para as quais estar a fazer uma projeção a três, quatro anos em que têm que justificar cada prego que gastam, cada parafuso, cada pedaço de pano… Caímos um bocadinho no absurdo. 

Entre tudo o que tem agora em mãos – a direção artística do Trindade, o trabalho de encenador, de ator nesta peça e na novela Jogo Duplo – estreou-se agora na realização, com uma curta Olga Drummond, todos estes anos depois de ter começado a trabalhar como encenador. Porquê?

É uma ideia antiga, da altura em que comecei a encenar. Desde que comecei a trabalhar como ator que senti que às vezes o meu olhar sobre as coisas era diferente do que o que os encenadores ou os realizadores me propunham, e a vontade nasceu logo daí, do ‘eu faria diferente’. No teatro, apesar de tudo era mais fácil conseguir uma sala ou um texto e um apoio de 500 contos [2.500 euros], que foi o primeiro orçamento que tive para encenar o meu primeiro espetáculo, aqui na Sala Estúdio do Trindade, há… 25 anos. Fazer um filme era mais complexo. Até porque achei sempre que nunca conseguiria escrever um guião sozinho. 

O que mudou então?

Foram precisos muitos anos de guiões e de peças para um dia olhar e pensar que, se calhar… Acho que não tenho grandes problemas de autoestima, mas tinha problemas de confiança no que à escrita diz respeito, e nos últimos anos comecei a expressar-me melhor através da escrita, a perceber que a escrita é um veículo que me permite uma reflexão e um outro cuidado com as palavras. Quando finalmente fui ter com o Tino Navarro a dizer que tinha uma ideia para um guião, ele disse: «Muito bem, vamos pensar nisso. Mas não queres fazer uma curta primeiro? Fazia-te bem». Fui pensar no assunto e um dia, no lançamento de um livro da Carmen Dolores no Teatro Aberto a que fui assistir, tive duas ideias muito importantes para mim. Uma que foi a que deu origem a esta curta-metragem, porque estavam lá muitos atores contemporâneos da Carmen Dolores, atores seniores, maravilhosos, ativos e com muito para dar, e pensei que devíamos aproveitá-los. 

E daí veio a homenagem que é este filme.

Escrevi um guião que é uma homenagem a todos nós, mas sobretudo aos mais velhos, cujo legado é tão importante como os caminhos que trilharam para que nós agora nos possamos expressar. E claro que fui buscar atores pelos quais tenho imensa admiração.

A Eunice Muñoz, o Ruy de Carvalho…

A Eunice, o Ruy, a Lurdes Norberto, a Manuela Maria, a Cecília Guimarães, o António Marques e outros atores mais novos – e mais havia se houvesse mais personagens. São 11. O Tino Navarro às tantas dizia que isto dava era uma longa. O potencial é imenso, tive que a concentrar porque é uma curta de 20 minutos. Mas é uma história simples. Do meu ponto de vista muito comovente e divertida, como os atores podem ser. Temos esta capacidade agridoce da comédia e do drama e queria que o filme refletisse isso. E sobretudo queria muito poder voltar a trabalhar com a Eunice. O filme foi escrito a pensar na pessoa dela, no que ela representa para mim, para nós, para o meio teatral e para Portugal também, portanto criei uma ficção inspirada na própria Eunice. Não é a história da Eunice, mas de alguém…

Que poderia ser ela.

Desenvolvi essa brincadeira de realidade-ficção no guião, ela aceitou o desafio e foi absolutamente generosa. 

E isto passa-se numa casa de atores reformados em que todos vivem felizes – como se qualquer ator pudesse dar-se a esse luxo neste país.

Muitos deles estão reformados com reformas muito, muito modestas. Neste filme, é uma fantasia. É de facto o mundo ideal em que estes atores estão num lar fantástico num palacete glamoroso, onde são muitíssimo bem tratados e onde podem descansar e desfrutar das suas memórias. O filme começa com a chegada da Olga Drummond, a maior atriz portuguesa de todos os tempos, o que provoca uma grande comoção na casa. Foi uma oportunidade absolutamente maravilhosa para mim poder partilhar com este grupo de pessoas três dias na Casa da Ínsua. Instalámo-nos todos lá e quando não estávamos a filmar, estávamos a confraternizar, era como se o guião se perpetuasse. As cenas não acabavam na rodagem. Agora é só aguardar que tudo se conjugue para que o filme possa viver o que tiver que viver, fazer o seu trajeto. Mas ficará para sempre como um depoimento do meu amor por aquilo que faço e pelos atores que admiro. 

Uma história bonitinha que, pela sua inverosimilhança, nos confronta ao mesmo tempo com uma realidade que de glamorosa tem muito pouco. Há também uma mensagem política aqui?

A mensagem de que falávamos que tem a ver com esta ideia do reconhecimento do papel dos atores e dos artistas na sociedade e a forma como os tratamos. É evidente que há meia dúzia de atores e de artistas que são muito bons e muito famosos, que têm muito reconhecimento. Mas há muitos outros que não têm o mesmo grau de visibilidade ou de impacto e que são igualmente merecedores. É evidente que todos os trabalhadores em geral merecem reconhecimento e o seu espaço, mas as pessoas às vezes desvalorizam um bocadinho isto do ser artista como algo muito volátil, efémero ou supérfluo e muitas vezes não têm noção do quanto trabalhamos e quanto sofremos. Não estou a queixar-me, estou simplesmente a dizer que há uma dimensão daquilo que os artistas fazem, daquilo que dão aos outros… Não achamos estranho que um futebolista ganhe muito dinheiro porque consegue arrastar multidões, porque faz a felicidade de multidões, porque inspira multidões. Os artistas também fazem isso. Também dedicam a vida a dar aos outros. E essa generosidade deve ser reconhecida não apenas pelo que representa em si mas também pelo que deixa nos outros. A minha grande ambição enquanto artista, enquanto homem do teatro, é poder dar um contributo efetivo para fazer a vida das pessoas um bocadinho melhor e mais feliz. Quando tenho pessoas que vêm ter comigo e me dizem: «Sabe, o meu filho chama-se Diogo porque numa noite em que estava zangada fui ao teatro vê-lo e fiquei tão feliz que fiz um filho com o meu marido.» Uau. O que gostaria com este tipo de projetos era de poder chegar a mais gente e fazer com que o nosso trabalho conte realmente na vida das pessoas, portanto tenho sempre um enorme respeito pelos públicos. E fico sempre incomodado com um discurso que alguns artistas têm de uma certa pretensão intelectual, como se, quando a arte de alguma maneira se massifica, isso a diminuísse. Acho isso absolutamente execrável.