Na primeira reunião com os deputados do PSD como líder da bancada parlamentar, Fernando Negrão assumiu o erro pelos excessos de linguagem quando comentou a eleição para a liderança do grupo e pediu desculpas aos deputados, nomeadamente àqueles que naquele dia acusou de falta de ética.
Com desculpas ou não, Negrão não se livrou das críticas dos deputados, algumas delas bem contundentes, como as de Hugo Soares, o seu antecessor na liderança da bancada, e da antiga vice-presidente de Passos Coelho Teresa Morais.
“Na última semana, o senhor foi presidente do grupo parlamentar, mas não foi líder da bancada, há uma diferença nisso”, afirmou Hugo Soares, que centrou muito a sua intervenção na reunião na questão da lei do financiamento dos partidos, em relação à qual tem pública discordância com Rui Rio.
Se Hugo Soares é defensor de manter a lei na sua essência como está, apesar do veto do Presidente, por ser “matéria amplamente discutida na Assembleia da República durante mais de um ano”, já ontem, o deputado José Silvano, veio reiterar a vontade de Rui Rio de eliminar o artigo que alarga o reembolso do IVA à totalidade das despesas partidárias.
José Silvano assumiu a mudança de posição dos sociais-democratas com a mudança de direção do partido. “O líder do PSD atual tinha dito que a única divergência que tinha nesta matéria era sobre o IVA e queria que ficasse bem explícito que não haveria alargamento”, referiu o deputado, acentuando, para que não ficassem dúvidas, que “fez esta afirmação e é para cumprir”.
Uma matéria que ameaça estender as divisões dentro da bancada parlamentar e que o pedido de desculpas de Negrão, em jeito de apaziguar hostilidades internas, pode não ser suficiente para inverter. Os deputados souberam ontem que Rui Rio irá reunir-se com eles pela primeira vez no dia 8.
“Algumas das pessoas que estão na sua direção nada fizeram de relevante para aí estar”, afirmou Teresa Morais, “o que me leva a concluir que a equipa não foi escolhida por si, foi imposta”. Para a deputada, o que se viu foi o PSD a trocar “bons vice-presidentes de bancada por quem não tem provas dadas”.
“Não reconheço autoridade moral e legitimidade política a ninguém para pressionar os deputados a abandonarem o seu mandato”, acrescentou a ex-vice-presidente de Pedro Passos Coelho, que aproveitou para dizer a Negrão que podem contar com ela, embora “com limites”.
Eutanásia e IURD Luís Montenegro, o antigo presidente da bancada social-democrata, aproveitou a primeira reunião de Negrão como líder da bancada parlamentar, e numa altura em que está de saída da assembleia, para reafirmar a vontade de ver o PSD a apresentar a proposta de um referendo sobre a eutanásia.
A juntar a isso, Montenegro sugeriu igualmente que fosse criada uma comissão parlamentar para investigar o escândalo da rede internacional de adoções ilegais criada pela Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo.