Jogos combinados ditam 58 condenações na Grécia

Entre os condenados estão dois ex-jogadores do Olympiacos, considerados culpados de apostar em jogos onde estariam envolvidos. O presidente Vangelis Marinakis foi ilibado, juntamente com outras 23 pessoas, mas os escândalos no futebol helénico não param

A justiça grega condenou 58 pessoas, com penas que variam entre os três meses e os dez anos, no âmbito do escândalo de jogos combinados que abalou o futebol do país em 2011. Entre os condenados estão vários dirigentes e jogadores, com especial destaque para Avraam Papadopoulos, que representou o gigante Olympiacos entre 2008 e 2014 e soma 37 jogos pela seleção grega (participou no Mundial 2010 e no Euro 2012), e Kostas Mendrinos, que passou pelo clube de Atenas entre 2003 e 2009 e hoje atua no Apollon Smyrnis.

Papadopoulos, central ou médio defensivo, chegou a fazer dupla com o espanhol Marcano, hoje no FC Porto, ou Pablo Contreras, antigo jogador de Sporting e de Braga, tendo partilhado o balneário com, entre outros, Fejsa, Mitroglou e o internacional português Paulo Machado, hoje uma das figuras do Aves. Com 33 anos, e agora a jogar nos australianos do Brisbane Roar, o internacional grego foi condenado a 30 meses de pena suspensa por apostar em jogos onde o seu clube estaria envolvido, direta ou indiretamente. Sob a mesma acusação, Mendrinos levou a mesma pena. Já Michalis Nikolopoulos, considerado culpado de apostar mas também de aceitar subornos em dois jogos quando representava o Ilioupoli, foi condenado a quatro anos de prisão, também com pena suspensa – sob a condição de se apresentar todos os meses na estação policial local.

As sentenças maiores acabaram por ser direcionadas a dirigentes. Giorgos Tsakogiannis sofreu a mais pesada: o ex-presidente do Ilioupoli foi condenado a dez anos e dez meses de prisão por apostas ilegais, subornos, lavagem de dinheiro, tentativa de extorsão e posse ilegal de armas, sendo ainda acusado de ter tentado combinar o resultado de quatro encontros.

Ao todo, 84 pessoas estavam inicialmente sob investigação, entre as quais o presidente do Olympiacos, Vangelis Marinakis, tido como o homem mais poderoso do futebol grego. O patrão do gigante helénico, contudo, foi um dos 24 ilibados pelos tribunais. As autoridades judiciais gregas iniciaram a investigação em 2015, depois da UEFA sinalizar uma lista com 41 jogos onde se verificava a suspeita de resultados combinados – entre os quais dois da primeira divisão e inúmeros da segunda.

Tudo para a secretaria Esta é só mais uma polémica no futebol grego – nisso, muito semelhante ao português –, que no mês de fevereiro viu dois jogos entre candidatos ao título ficarem marcados por confrontos entre adeptos e polícia (Olympiacos-AEK) e adeptos e técnico adversário (PAOK-Olympiacos).

Os dois casos estão ainda a ser alvo de investigação pela Liga grega, mas uma coisa parece certa: aquele que foi descrito pelo ministro-adjunto dos desportos, Giorgos Vassiliadis, como “um dos melhores campeonatos gregos de sempre”, com PAOK, AEK e Olympiacos numa luta acirrada pelo título, poderá acabar por decidir-se na secretaria ou nos tribunais. Mais uma vez, qualquer semelhança com o futebol português é (será?) mera realidade.