Marcelo Rebelo de Sousa apresentou ontem dois livros para marcar o segundo ano de mandato enquanto Presidente da República. Um deles, refere-se ao Júbilo e o outro à Tragédia, Marcelo juntou às imagens das tragédias de junho e outubro as «cores de júbilo dos nossos êxitos coletivos».
Sobre o novo ano que começa agora, Marcelo, que já leva o cognome de ‘Presidente dos abraços’, diz que «vai manter o mesmo tipo de comportamento». O Chefe de Estado deve ser «frio a pensar, medido nas declarações e no pensamento e muito presente e próximo das pessoas em termos afetivos». Para Marcelo, a expressão de afeto «não quer dizer que o presidente deixe de ter um análise muito calma e serena do que se passa e daquilo que é fundamental».
O Presidente «quer estabilidade lutará pele estabilidade, quer um Governo até ao final da legislatura, lutará pelo Governo até ao final da legislatura, quer uma área de Governo forte, lutará por uma área de Governo forte, quer oposições fortes, lutará por oposições fortes, quer prestígio das instituições, lutará por prestígio das instituições, quer mais crescimento, mais igualdade onde há desigualdades lutará por isso. Não se vai meter em domínios que não são os seus», garantiu.
Sobre a desigualdade do país, o Presidente da República reforçou que é preciso «continuar a crescer», caso contrário «é muito difícil corrigir essas desigualdades e muito difícil – para não dizer impossível – mantermos o equilíbrio financeiro».
Desigualdades que não se limitam à questão de género, reforçou Marcelo, mas ao território. Os «vários Portugais que existem», como lhes chamou, têm de ser combatidos com os ensinamentos do passado que não servem «apenas para prevenir tragédias», como as que aconteceram no verão, mas para combater as desproporção entre interior e litoral. «Portugal menos desigual tem mais e melhor futuro», acrescentou.
Outro domínios importantes para este próximo ano é a reforma da descentralização e da reorganização do território. «Não basta atribuir poderes às autarquias locais, é preciso pensar fundamento no reordenamento dos territórios». No entanto, o Presidente tem pouca fé que haja consenso entre PS e PSD até ao final do ano. «As clivagens que existem entre partidos que pensam de forma diversa são tantas», disse, «que não me parece provável que nos seis, sete ou oito meses até ao começo do próximo ano – que é um ano eleitoral a vários títulos – haja entendimentos».
A credibilidade das entidades é também objetivo, nomeadamente a relação entre eleitos e eleitores. «O pior que pode acontecer numa sociedade é, de repente, começar a haver uma sensação por parte dos governados de desconfiança metódica e crónica em relação àqueles que governam os vários setores da sociedade» e isso «é o apelo imediato ao populismo». «Não chegou a Portugal porque estamos atentos a isso», acrescentou Marcelo, lembrando que o populismo já está na Europa, como tal como aconteceu recentemente nas eleições em Itália.
O Presidente aproveitou para agradecer aos portugueses. «Eu queria agradecer-lhes o que têm dado a Portugal nestes últimos anos. Nos momentos bons e, sobretudo, nos momentos difíceis. Estes anos têm sido, apesar de tudo, melhores para uns do que para os outros».