Depois do discurso de Assunção Cristas no encerramento do congresso do CDS, onde a líder reforçou a sua intenção de ser eleita primeira-ministra, Rui Rio, Ana Catarina Mendes e Pedro Nuno Santos comentaram as declarações reforçando as diferenças entre os partidos.
"Naturalmente que somos adversários"m, disse Rio, líder do PSD, "são dois partidos distintos, independentes, mas são dois partidos que no passado, já em conjunto, fizeram muito por Portugal na administração central e local, e eu sou exemplo disso", acrescentou
Sobre a pretensão de Cristas ser primeira-ministra, Rio desvaloriza: "Eu acho que Assunção Cristas diz o que lhe compete dizer", afirmou o ex-autarca do Porto, "ela está a fazer o papel dela e muito bem". No entanto Rio reforça que os sociais-democratas têm de estar "em condições para ganhar as legislativas" e "se depois for preciso fazer uma coligação", logo será acordado.
O líder do PSD negou uma "aproximação ao PS" por parte do CDS, mostrando-se confiante que se trata de "disposição para conversar com os outros partidos – todos eles – sobre reformas estruturais no interesse do país" que, destaca, está "em primeiro lugar".
Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e representante do governo no congresso do CDS, reforça as diferenças ideológicas entre os partidos mas não fecha a porta ao consenso. "Nós [governo] não queremos um país em que há uma minoria de vencedores e que a maioria da população fica a marcar passo", disse no final do congresso. "Este é um governo pronto e disponível para dialogar com todos os partidos, como sempre foi e como continuará a ser", garantiu o secretário de Estado porém, "é natural que haja em muitas matérias diferenças que sejam difíceis de resolver".
Ana Catarina Mendes, secretária-geral-adjunta do PS, fez questão de relembrar que Assunção Cristas fez parte do governo anterior, em particular do ministério da Agricultura responsável pela pasta das florestas. "A mesma Assunção cristas que hoje se dirigiu aos congressistas e ao país, foi a mesma que fez parte do governo que mais empobreceu o país", disse depois do discurso. "Ouvir hoje Assunção Cristas falar da sua preocupação com o interior ou com a floresta é verdadeiramente notável para quem não se esquece daquela que foi a inação, o imobilismo, de Assunção Cristas enquanto responsável pela pasta das florestas", acrescentou.
Sobre a "ambição" da líder centrista de ser "primeira-ministra, líder da direita e, até, do centro, de poder subir de divisão e ser da primeira liga", Ana Catarina Mendes considera "saudável" mas alerta para que não se perca a memória e critica a falta de "medida concreta para resolver os problemas concretos das vidas das pessoas".