O procurador José Niza, de processos como os Vistos Gold ou BPN/Homeland, disse na sessão de hoje do julgamento do caso Fizz que o arguido Orlando Figueira sempre se mostrou um profissional honesto e preocupado com os processos que tinha em mãos. A testemunha arrolada pela defesa de Figueira – o antigo magistrado do MP suspeito de receber subornos do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente – disse ainda ter ficado surpreendida quando soube pela comunicação social da detenção do antigo colega.
José Niza e Orlando Figueira conheceram-se há mais de 20 anos e durante todo este tempo o relacionamento profissional do início “descambou numa relação de amizade”.
O primeiro contacto foi quando ambos estavam na comarca de Sintra e, segundo Niza, ainda trabalharam juntos alguns anos, até que um foi promovido e outro mudou para a comarca de Oeiras.
“Dentro daquele grupo de Sintra, na altura em que almoçávamos praticamente todos os dias, o dr Orlando Figueira era um magistrado de referência”, disse José Niza em resposta às perguntas da defesa do antigo procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Magistrado célere
Uma das perguntas que a defesa mais insistiu foi a da celeridade com que Figueira despachava os processos. Isto porque o Ministério Público defende que além de os subornos terem como o objetivo o arquivamento dos inquéritos que visavam Manuel Vicente, os procedimentos também foram acelerados por Orlando Figueira, algo que tem sido negado pelo antigo procurador.
E José Niza testemunhou a sua celeridade. Afirmando não poder responder ao pormenor sobre a rapidez, uma vez que nunca trabalhou em conjunto com Figueira num caso, disse ter-se apercebido até pelas conversas que iam mantendo que era um profissional célere.
Rápido e também honesto, sustentou: “Todo o relacionamento que tive com ele permitiu-me constatar que é uma pessoa de bem, honesta, preocupada com os casos de justiça e em resolvê-los da melhor forma”.
E se um dia tivesse de voltar a trabalhar com Figueira, não hesitaria. “Não havendo nada em desabono e em contrário que me fizesse desviar desses contactos que tive, não havia nada contra relacionar-me e trabalhar com o doutor Orlando Figueira”, disse.
Juiz diz procurador o marcou
O juiz desembargador Paulo Silva, atualmente em comissão de serviço no Conselho Superior de Magistratura como inspetor judicial, foi a segunda testemunha ouvida hoje e também descreveu o arguido Orlando Figueira como uma pessoa correta. “Do ponto de vista profissional não tenho qualquer reparo. Foi um dos magistrados que me marcaram”, disse, adiantando: “A ideia que tenho é a de que é uma pessoa célere”.
Dizendo-se supreendido com tudo o que tem sido noticiado, garante não conseguir imaginar Figueira envolvido num esquema de corrupção.