De acordo com os estatutos do PSD, o cargo de secretário-geral do partido é eleito em congresso para a Comissão Política Nacional, tendo, neste caso, Feliciano Barreiras Duarte sido escolhido por Rui Rio na reunião magna do mês passado.
Em caso de substituição do secretário-geral, ainda olhando para os estatutos, esta é competência do Conselho Nacional – a maior reunião regular dos sociais-democratas; um género de mini-parlamento interno. E o voto para tal é… secreto.
É também nesse sentido que Rui Rio teme a primeira queda de um membro da sua CPN. É que a lista apoiada pela direção de Rui Rio para o Conselho Nacional, que foi até encabeçada por Pedro Santana Lopes, não tem maioria no órgão. Para não falar no facto de que metade dessa lista é constituída por indicações ‘santanistas’ e não por rioístas 100% fiéis.
Quer isto dizer que a substituição de Barreiras Duarte – com a tentação de Rio escolher um homem da sua estrita confiança – poderá enfrentar dificuldades para passar devidamente no Conselho Nacional. Além do órgão estar dividido, a própria lista de Rio está divida – e protegida por um voto que será secreto, ao contrário de outras votações do mesmo órgão.
A impopularidade atual da direção de Rio, com os deputados a deixar de receber informações da liderança parlamentar e até clipping da imprensa, e o tumulto interno fazem com que a saga não se presuma feliz.
O facto de o favorito para o lugar – Maló de Abreu – ter sido dos poucos na CPN de Rio a criticar os deputados do PSD aquando da revolta contra a eleição de Fernando Negrão para presidente da bancada também não ajudará.
E agora o medo é mesmo esse. Que o substituto de Barreiras Duarte tenha no Conselho Nacional uma votação semelhante àquela que Negrão teve na Assembleia da República: com mais votos em branco do que votos favoráveis. Como Pacheco Pereira previu: Rio nunca teve estado de graça. Barreiras Duarte também não.