O regime sírio dá mostras de ter os arredores de Damasco praticamente conquistados e esta segunda-feira indicava que alguns grupos de rebeldes estão dispostos a aceitar a rendição a troco de passagem em segurança para o norte do país. De acordo com o ministro responsável pelas negociações com a oposição armada, Ali Haidar, há até grupos armados em Ghuta Oriental capazes de aceitar uma reconciliação com o regime, o que, em teoria, lhes permitiria continuar nos arredores da capital.
As Nações Unidas estão em negociações com grupos armados indispostos a contactos com o regime. Procuram ambos um acordo de cessar-fogo, que parece improvável. As notícias de que o governo tem canais de diálogo com fações armadas e que em alguns casos existem já entendimentos demonstra a fragilidade da oposição, que desde janeiro perdeu metade do território que tinha em Ghuta Oriental e na última semana viu milhares – ou talvez dezenas de milhares – de pessoas escaparem pelos corredores humanitários para o lado do regime.
“Pode haver sucessos para a zona de Harasta em breve”, afirma o ministro Ali Haidar, citado pela agência Reuters e falando de uma área que representa um terço dos atuais domínios rebeldes de Ghuta. “O assunto depende dos militantes, que podem aceitar a saída ou chegar a acordo sobre a sua situação, permitindo ao exército entrar nos seus territórios”, diz. “Quanto ao resto de Ghuta, o debate está em aberto sobre que tipo de reconciliação pode existir.”
O regime, que desde janeiro matou mais de 1100 civis nos bairros de Ghuta Oriental, de acordo com números das Nações Unidas, mostra-se tão convicto de que população e rebeldes se renderão em breve que domingo publicou um vídeo no qual Bashar al-Assad surge, muito informal, a conduzir o seu carro desde o centro da capital até à frente de combate. “A estrada está aberta”, afirma no vídeo, ao passar por uma zona recentemente intransitável.
Assad mostra-se também confiante com o êxodo de civis para as zonas do governo: “vemos que as pessoas estão a regressar ao Estado. Reafirma o que temos vindo a dizer: as pessoas desejam o Estado e o Estado é a mãe e o pai de todos.”