Pode vir aí uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia. Christine Lagarde, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), não esperou para ver e veio a terreiro alertar para os riscos dessa possibilidade, desejando o retorno ao diálogo.
"As guerras comerciais não são jogos que possam ser ganhos. Ninguém ganha. Haverá antes menos crescimento, menor inovação, maior custo de vida e os primeiros a perder serão os pobres, os menos privilegiados", alertou numa entrevista ao "El País".
O presidente norte-americano, Donald Trump, poderá, nos próximos dias, anunciar taxas alfandegárias de 10% para o alumínio e de 25% para o aço. Uma das promessas de Trump aquando da campanha presidencial foi precisamente a introdução de tarifas à importação de aço e alumínio para salvaguardar, defende, salvaguardar a indústria norte-americana e os seus postos de trabalho. Para isso, poderá invocar uma cláusula de salvaguarda da segurança nacional.
Lagarde não está sozinha. Na primeira semana deste mês, Cecilia Malmstrom, Comissária Europeia para o Comércio, deixou sérios avisos à administração Trump. "Esta não é a forma certa de lidar com isto", disse. "Temos isdo muito claros na afirmação de que isto não está de acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), por isso iremos à OMC, possivelmente com outros amigos", avisou. No entanto, não referiu quais serão os "outros amigos".
A indústria alemã, um dos motores económicos da Europa, está preocupada com a deriva protecionista da administração norte-americana. Na eventualidade de as tarifas avançarem, será a principal prejudicada. Num comunicado, citado pela Reuters, um conjunto de grupos industriais alemães, entre os quais a DIHK, a BDA, a BDI e a ZDH, afirmaram que "a indústria alemã está extremamente preocupada com a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas punitivas de longo alcance", exortando a União Europeia e a Alemanha para avançarem na defesa do comérco livre.