Jorge Coelho, antigo ministro da Administração Interna, aproveitou o discurso no congresso da Federação da Área Urbana de Lisboa para congratular o governo de António Costa pelas decisões tomadas no combate aos incêndios.
“Nós estamos em guerra contra os fogos. Porque foi o problema mais complexo que tivemos na sociedade portuguesa até hoje”, disse o socialista. “E quero dizer aqui que tenho muito orgulho naquilo que o governo está a fazer, naquilo que o ministro da Administração Interna – o camarada Eduardo Cabrita – está a fazer.”
O ex-ministro, lembrando que a sua cidade “do coração” é Mangualde, no interior do país, criticou “todos aqueles que – esquecendo-se daquilo que foi a tragédia da morte de cento e tantas pessoas naquelas datas – não são capazes, num momento, de deixar de ter como prioridade central os seus interesses partidários e verem que o país tem de ter aqui uma causa nacional”.
“Esta guerra tem de ser travada hoje, que ainda está a chover, para que, quando vierem os fogos, o país esteja dotado de meios humanos, de equipamento e, acima de tudo, de diálogo”, prosseguiu Coelho, enaltecendo a iniciativa do governo para a limpeza dos terrenos “com uma força que nunca tinha existido no país”.
No discurso que terminou o congresso, António Costa voltou às declarações do antigo ministro, afirmando que o governo vai “travar essas batalhas sem medo, com coragem e com determinação”.
Costa reforçou ainda que a energia que é preciso colocar “na revitalização do interior é a mesma” que se tem “de pôr para melhorar a qualidade de vida e as oportunidades de todos aqueles e aquelas que vivem nas áreas metropolitanas” porque, apesar de terem uma “maior concentração de riqueza, são também locais onde há bolsas com maior intensidade de pobreza e exclusão social”.
Jorge Coelho tinha também defendido – apelidando como “a causa” da sua vida – que “só há qualidade de vida nas zonas urbanas quando houver melhores condições de desenvolvimento económico e social no interior de todo o país”.
Para Costa – que voltou a apontar a descentralização como “grande objetivo para esta legislatura” – a reunião entre as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto fez história porque existiu a disponibilidade para que fossem assumidas novas responsabilidades em matérias como habitação, transportes e definição e gestão de fundos comunitários.
“Eu quero acreditar que se isto for possível, nós teremos feito uma reforma do Estado como há anos não se faz e como há anos é necessário para podermos ter um melhor território, mais bem gerido e ao serviço do desenvolvimento de todas as populações”, disse o primeiro-ministro. Costa garantiu aos militantes presentes que não se tinha esquecido do que aprendera durante os oito anos de autarca, quer em Loures, quer em Lisboa: "Continuo a ser o mesmo, com as mesmas ideias, as mesmas convicções e a mesma confiança no poder democrático”, acrescentou.