“Não há paciência para estes joguinhos partidários constantes”

Três deputados independentes eleitos pelo PS demitiram-se anteontem da assembleia de Cascais

Isabel Magalhães, fundadora do movimento SerCascais e eleita deputada municipal pelo PS nas últimas eleições autárquicas, anunciou na segunda-feira à noite, durante a reunião da Assembleia Municipal de Cascais, que iria deixar o cargo.

“Entreguei no final da reunião, tal como tinha prometido, as cartas de renúncia e, a partir de agora deixei de ser deputada”, disse Isabel Magalhães ao i. Com ela, saíram também Marita Ferreira e José Luís Rocha, dois independentes que compunham o grupo municipal do PS.

A principal razão que levou os três deputados a abandonar funções, segundo Isabel Magalhães, foi a falta de compreensão dos partidos pela independência dos deputados. “A nossa convicção e maneira de estarmos é sempre em função da nossa consciência não de quaisquer interesses partidários ou jogos políticos”, disse Isabel Magalhães. No entanto, “há uma grande dificuldade dos partidos entenderem isso e não é suposto os verdadeiros independentes terem qualquer constrangimento à sua independência”, denunciou, acrescentando que “não há paciência para estes joguinhos partidários constantes”.

“É evidente que houve constrangimentos na afirmação da nossa independência e nós achámos que não era compatível” com o exercício das funções, acrescenta Isabel Magalhães não querendo denunciar situações. “A mim é muito difícil pressionarem-me, mas criam-se ambientes incómodos e desagradáveis”, acrescentou.

Da parte do PS, Luís Miguel Reis, líder do grupo de deputados municipais, enviou um comunicado onde acusou a comunicação social de fazer propaganda “enviesada”. “A relação que temos desde sempre com os elementos independentes em questão foi assente e continuará a ter por base um trabalho profícuo a bem de Cascais, onde cada um de nós acrescenta o seu contributo em prol de um concelho”, lê-se na resposta enviada ao i.

“Este sentimento não tem a ver com o partido A, B ou C, infelizmente é o resultado da ação de todos os intervenientes que em vez de procurar elevar a ação política e de democraticamente aceitarem as diferenças, entendem que qualquer visão diferente é uma postura de conflito ao invés de se configurar como algo de construtivo”, acrescentou, assegurando que tudo fará para “que essa forma de estar na política se esgote e no futuro”.

O vereador Aníbal Henriques, também eleito como independente, lamenta a saída da deputada, mas lembra que, como independente, cada um toma a decisão por si. “Ficarei enquanto tiver condições para trabalhar e sairei, tal como Isabel Magalhães fez, a partir do momento em que deixe de ter essas condições”, explica.