Já é possível um primeiro balanço da adesão dos médicos que acabaram a especialidade em 2017 aos concursos desbloqueados este mês pelo governo para a contratação para o Serviço Nacional de Saúde. Dados fornecidos ao i pela Administração Central do Sistema de Saúde sugerem que algumas dezenas de médicos terão optado por não concorrer a um lugar no Estado, sobretudo nas especialidades hospitalares.
No caso dos centros de saúde, deverão ficar por preencher pelo menos 23 das 110 vagas abertas para médicos de família. Já para as especialidades hospitalares e de saúde pública havia 503 vagas e houve 400 candidatos. As contratações ainda não estão fechadas mas, por falta de candidatos, ficarão assim por preencher pelo menos 126 lugares.
Se no caso dos médicos de família abriram vagas para todos os médicos que concluíram a especialidade em novembro do ano passado, no que diz respeito às especialidades hospitalares e de saúde pública o governo disponibilizou 503 lugares, quando os sindicatos apontavam para mais de 700 médicos a ter concluído a formação nestas áreas em 2017. Neste caso, o concurso que avançou no início deste mês juntou os médicos que concluíram a especialidade em abril – e que esperaram assim cerca de dez meses pelo concurso – e os clínicos que terminaram a formação em novembro.
Segundo os sindicatos, na primeira fase tinham concluído especialidades hospitalares e de saúde pública mais de 500 médicos, havendo cerca de 200 da segunda época, de novembro.
De acordo com informação disponibilizada ao i pela ACSS, relativamente às áreas hospitalares, (incluindo as especialidades de medicina do trabalho e de medicina desportiva), candidataram-se 381 recém-especialistas (175 formados na 1.ª época, 126 na 2.ª época e 80 anteriores). No que respeita a saúde pública, candidataram-se 19 recém-especialistas (13 formados na 1.ª época, 4 na 2.ª época e 2 anteriores).
Médicos de famílias escolheram vagas esta semana No caso dos novos médicos de família, até houve mais candidatos admitidos do que as vagas disponíveis – 117 para 110 vagas – mas, na altura de escolher os lugares, por ordem da nota final na especialidade, nem todas as vagas terão sido aliciantes o suficiente para reter os profissionais, já que foram preenchidos apenas 87 postos de trabalho. A data de escolha das vagas coincidiu com o dia em que terminou a especialidade o grupo da primeira época deste ano e os sindicatos já têm alertado para a necessidade de maior rapidez na abertura dos concursos, para prevenir a saída dos recém-especialistas para o privado e estrangeiro. O ministro da Saúde, confrontado no parlamento com a preocupação da oposição e dos partidos que apoiam o governo com a eventual saída de profissionais do SNS garantiu que este ano haveria menos saídas do que por exemplo há dois anos. “O setor privado já não é aquela esponja de absorção de recursos que era. Está a entrar numa fase de estabilização”, disse Adalberto Campos Fernandes.
Se as contratações finais ainda não estão fechadas, é possível calcular pelo menos quantos profissionais rescindiram entretanto contrato com o SNS e quantos continuam vinculados ao Estado como internos ou já com contrato. Segundo a ACSS, dos 348 médicos que se formaram em Medicina Geral e Familiar em 2017, 278 continuam a trabalhar para o SNS, número que não inclui prestadores de serviço. Já na área hospitalar, dos 811 recém-especialistas que terminaram a especialidade em 2017, em fevereiro permaneciam vinculados às instituições 647 médicos, o que não inclui mais uma vez aqueles que possam trabalhar para os hospitais através de empresas de prestação de serviço. A área de saúde pública é a mais pequena e aquela em que parece haver menos abandono do Estado: dos 20 recém-especialistas que se formaram no ano passado, 19 continuavam no mês passado ligados ao SNS.