Depois de ser presidente do Eurogrupo, a ambição de Mário Centeno pode estar em ser comissário europeu, “de preferência, vice-presidente da Comissão Europeia”. Quem o garante é Luís Marques Mendes na sua página de opinião no Jornal de Negócios.
“Mário Centeno quer impressionar bem a Europa. Mesmo que isso gere alguns problemas no Governo em Portugal”, diz o comentador social-democrata, que acha que a gestão que o ministro das Finanças está a fazer, de dar prioridade a saldos primários baixos, se explica com o facto de Centeno estar “a pensar no seu futuro europeu”.
Segundo Marques Mendes, “Mário Centeno não quer voltar a ser ministro das Finanças” e esse é um lugar – assumindo que o PS volta a formar Governo depois das legislativas – que o comentador acha que está já reservado para Mourinho Félix, o atual secretário de Estado das Finanças.
Assim, Mendes especula sobre as ambições de Centeno, argumentando que ser “governador do Banco de Portugal já é de menos para as suas ambições e estatuto” e dizendo que ser “cabeça de lista ao Parlamento Europeu dava jeito ao PS, mas é coisa pouca para o ministro das Finanças” – isto, apesar de as europeias devem acontecer meses antes das legislativas.
Com este raciocínio, “Mário Centeno também é um problema para o Governo”. Porquê? Segundo Marques Mendes, porque “para a geringonça é difícil explicar que não há aumento salarial (ainda que pequeno) em 2019”.
O ex-líder do PSD argumenta que há dez anos que a Função Pública não tem aumentos e que 2019 deverá ser o terceiro ano “não consecutivo com crescimento acima de 2%”. Só que o objetivo de melhorar o saldo primário pode impedir esses aumentos, como já foi avançado ao Público por uma fonte não identificada do Ministério das Finanças.
Ora, isso faz Marques Mendes prever que os aumentos na Função Pública poderão ser “uma causa nuclear de negociação do próximo Orçamento” e até antever a possibilidade de BE e PCP abrirem uma crise política chumbando o documento.
Tudo isto, apesar de o próprio Marques Mendes admitir que este “é um debate extemporâneo” – o Orçamento só será debatido em outubro – que pode ser antecipado por causa do Programa de Estabilidade que será entregue dia 13 e discutido no dia 24 no Parlamento.