“O Reino Unido valoriza a nossa já longa parceria com Portugal”, disse a primeira-ministra britânica, Theresa May, ao receber ontem António Costa no número 10 de Downing Street. Entre lembranças de uma velha aliança que dura há sete séculos, o primeiro-ministro português aproveitou para salientar que a relação próxima entre os dois países se irá manter, mesmo depois da saída dos britânicos da União Europeia.
“A nossa relação é muito anterior à existência da UE e será e continuará a ser uma ótima relação após o Reino Unido sair da União Europeia”, garantiu ontem Costa, que manifestou a vontade de que “as relações possam ser o mais próximas possível, em particular no domínio da cooperação na área das ciências e da investigação científica, no domínio do ensino superior e no domínio das relações económicas.”
“O desejo que temos é que, depois do Brexit, essas relações económicas se continuem a de-senvolver, não só como parceiros comerciais, que já têm um nível muito elevado, mas sobretudo ao nível do investimento, para além de continuarmos a contar com o Reino Unido como principal mercado emissor de turismo”, acrescentou.
“Como tenho dito várias vezes, o Reino Unido sai da União Europeia mas não sai da Europa. Continua a ser um vizinho, um aliado, um parceiro económico e um país amigo de Portugal”, disse ainda António Costa.
O primeiro-ministro, que chegou ontem de comboio a Londres para uma visita de dois dias, tinha um encontro agendado na embaixada de Portugal com a comunidade portuguesa residente no país, que se encontra apreensiva em relação ao seu futuro num Reino Unido pós- -Brexit. Calcula-se que atualmente residam no Reino Unido cerca de 400 mil portugueses.
Na conversa com os jornalistas, Costa aludiu ainda à questão do envenenamento do espião britânico Sergei Skripal e da filha, Yulia, para referir que Theresa May agradeceu a solidariedade de Portugal ao chamar para consultas o embaixador português na Rússia.
“O ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, já nos tinha agradecido por escrito a posição que tomámos e agora a sra. May voltou a agradecer a total solidariedade de Portugal relativamente ao Reino Unido”, referiu o primeiro-ministro. Muitos países optaram por seguir o Reino Unido na expulsão de diplomatas russos, depois de Londres ter acusado Moscovo de estar por trás do ataque com um agente neurotóxico.
Não há eleições antecipadas O primeiro-ministro decidiu pôr um ponto final na especulação em torno da antecipação das eleições legislativas de 2019 para coincidirem com as europeias, dizendo que se trata de “um assunto que está ultrapassado”.
Foi o ministro das Finanças, Mário Centeno, quem aludiu a essa possibilidade no domingo, numa conferência, referindo que “seria adequado” do ponto de vista da estabilidade ter as duas eleições ao mesmo tempo.
Ontem, em declarações aos jornalistas, Costa disse que “em termos teóricos e abstratos e para uma Europa do futuro, o alinhamento dos quadros eleitorais seria obviamente interessante”, só que esta não é uma questão “para agora”.
“Foi uma questão que o senhor Presidente da República já colocou há uns meses e que todos os partidos disseram que não”, acrescentou o primeiro-ministro, para concluir que, por isso, não será “tão cedo” que isso acontecerá.