Rui Rio não informou a sua Comissão Política Nacional (CPN) de qualquer nome além dos então públicos para o Conselho Nacional Estratégico do PSD – a que se tem coloquialmente chamado “governo-sombra”.
Na quarta-feira à tarde (18h30), em que o líder dos sociais-democratas reuniu a CPN na sede nacional do partido, Rio não mencionou nenhum dos nomes que havia convidado para seu “ministro-sombra” nem anunciou que o faria no dia seguinte (ontem).
O facto causou constrangimento nos vogais do órgão e até numa vice-presidência. A equipa de Rui Rio teria apenas conhecimento da conferência de imprensa que ontem anunciou os “coordenadores” e “porta-vozes” da nova estrutura no dia em que este foi anunciada, por mensagem eletrónica, a todos os demais militantes.
“Entendo que as fugas de informação o incomodem – eu também não gosto – mas isto mostrou que não confia numa equipa que foi ele que escolheu. E havia nomes que já eram públicos, que não foram desmentidos. Não podia falar disso connosco? Não podia sequer dizer que os iria anunciar no dia a seguir?”, lamenta uma vogal, escutada pelo i, que estranhou o sucedido.
Um vice-presidente diz ao i que “não vale a pena fazer um caso de um episódio menor”, mas outro admite “ter ficado surpreendido”. “E os nomes eram bons. Qual era o problema de falar deles?”, pergunta, em jeito retórico e preferindo não se alongar mais.
Afinal, aos nomes que já eram assumidos pela estrutura (David Justino, na Educação; Tiago Moreira de Sá, na Política Externa; Arlindo Cunha, na Agricultura) e aos que já eram de conhecimento público (Matos Correia, na Administração Interna; Silva Peneda, na Solidariedade Social; Luís Filipe Pereira, na Saúde; Álvaro Almeida, nas Finanças; Álvaro Amaro, na Descentralização; Ângelo Correia, na Defesa) sobraram a vice-presidente Isabel Meirelles, com os seus ambicionados Assuntos Europeus, Ana Isabel Miranda, no Ambiente, e Regina Salvador, no Mar, para preencher a quota feminina em falta, e João Bernardo Falcão e Cunha, para as infraestruturas, Rui Vinhas da Silva, para a Economia, e Licínio Martins, para a Justiça.
Porta-vozes baixam média de idades Onde surgiu a juventude, até aí por existir, foi nas nomeações para porta-voz – como aliás Rio já antecipara. “Pretende-se que o coordenador seja alguém com mais experiência e mais currículo. Enquanto a figura do porta-voz seja alguém mais jovem e mais disposto ao combate político direto”, tornaria a explicar ontem o presidente do PSD.
O seu vice-presidente e ex-diretor de campanha Salvador Malheiro ficou como porta-voz do Ambiente, sendo que também esse é o único pelouro que tem como presidente da Câmara de Ovar. O deputado Ricardo Baptista Leite, que já é coordenador para a Saúde no grupo parlamentar, será o porta-voz para a mesma área. E o deputado Cristóvão Norte, que foi o rosto da vitória interna de Rio no Algarve, aceitou o convite para porta-voz da área do Mar.
Joaquim Sarmento, ex-assessor económico nas presidências de Cavaco Silva, terá a mesma função mas para as Finanças – como já fora noticiado. Vladimiro Feliz, que já trabalhara com Rio na Câmara do Porto será o porta-voz para as infra-estruturas. E Luís Todo Bom, próximo do autarca ex-PSD Isaltino Morais, terá o mesmo cargo, mas para a Economia. Mónica Quintela, porta-voz para a Justiça, chegou aos holofotes como advogada de Defesa do homicida Pedro Dias.
A preconizada descentralização interna corresponde ao local de residência de cada coordenador.