O furo de prospeção de petróleo ao largo de Aljezur valeu a Portugal a medalha de ouro nos prémios para os piores subsídios aos combustíveis fósseis (European Fossil Fuel Subsidies Awards 2018) organizado pela Rede Europeia para a Ação Climática (CAN Europa).
Francisco Ferreira, presidente da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero – que pertence à CAN Europa -, explicou à Lusa que "a atribuição da licença correspondente ao título de utilização privativa do espaço marinho configurava claramente uma situação de estímulo ao uso de combustíveis fósseis no futuro" pelo governo português.
Esta licença atribuída ao consórcio Galp/Eni é completamente contrária "àquilo que tem sido a imagem de marca de Portugal, nomeadamente ao procurar ser neutro em carbono em 2050", acrescentou lembrando que Portugal "é visto como estando na frente do combate às alterações climáticas, um dos países mais ambiciosos no que respeita à eficiência energética, às renováveis, a bater recordes nessa matéria e a receber elogios internacionais".
"É inaceitável que o governo continue a favorecer o acesso das companhias petrolíferas, quer nacionais, quer estrangeiras, à área de exploração marítima e de conservação marítima que deve ser devidamente preservada", criticou ainda o presidente da Zero.
O prémio foi atribuído por voto online, depois das organizações ambientalistas terem identificado situações em cada país que pudessem ser candidatas ao prémio. "Esta 'distinção' traz reconhecimento de que o governo tem ignorado a opinião pública que se tem manifestado em enorme número principalmente na zona do sudoeste alentejano e no Algarve, contra a prospeção e exploração de petróleo e gás em Portugal", acrescenta Francisco Ferreira. Para além de Portugal, o pódio foi ocupado pela Polónia, que recebeu a medalha de prata com o incentivo a centrais de carvão obsoletas, e Espanha, em terceiro por subsidiar a utilização de carvão nas ilhas Baleares.
Receber a medalha de ouro nos prémios para os piores subsídios aos combustíveis fósseis "vai ter uma enorme visibilidade à escala europeia e vai ser dramático do ponto de vista dos decisores políticos, nomeademente em Bruxelas, e muito embaraçoso para o nosso país", alerta o presidente da associação.