regime no fim de semana, os peritos da Organização Internacional para a Proibição das Armas Químicas (OPCW) ainda não haviam alcançado a zona do crime original. O órgão anunciou na tarde desta segunda-feira que as forças russas e sírias que comandam o local ainda têm “assuntos de segurança pendentes” e que, pelo menos para já, a proteção da equipa de nove especialistas internacionais não está garantida.
Os cientistas encontram-se em Damasco desde sábado e, segundo dizem, o governo de Bashar al-Assad já escolheu 22 testemunhas para darem o seu relato da madrugada do dia 7 de abril, data, segundo asseguram EUA, França e Reino Unido, entre outros, na qual o regime matou mais de 80 pessoas com o terceiro grande ataque químico da guerra civil.
EUA e Reino Unido duvidam do álibi da insegurança, das testemunhas oferecidas pelo regime e dizem também que Moscovo pode ter já manipulado o local do ataque. O Kremlin afirma, por sua vez, que o atraso na chegada dos cientistas se deve não a obstáculos seus, mas aos bombardeamentos do fim de semana.
As suspeitas de que o regime sírio ou o seu aliado russo podem manipular as provas do ataque químico são uma parte central do argumento a favor dos ataques lançados este fim de semana por EUA, França e Reino Unido. Os três aliados dizem que têm já provas suficientes para culpar Bashar al-Assad e suspeitam da futura avaliação da OPCW, que, aliás, não tem mandato para atribuir responsabilidade pelos ataques que investiga.
“Posso garantir que a Rússia não manipulou nada no local”, afirmou esta segunda à BBC o embaixador russo nas Nações Unidas, Sergei Lavrov, num dia em que a União Europeia reconheceu a validade dos bombardeamentos ocidentais e se disse preparada para avançar com novas sanções a Moscovo – ameaça também lançada em Washington. O veterano diplomata russo afirma-o num momento em que a televisão do regime sírio emite em ciclo entrevistas dadas por médicos em Duma, nas quais afirmam que as vítimas do ataque de 7 de abril asfixiaram com poeira, e não químicos. Os ativistas da oposição, porém, dizem que as entrevistas são conduzidas sob ameaça.
Em Duma ocorriam esta segunda-feira as já habituais operações humanitárias do regime em territórios recém-conquistados. Segundo a Reuters, camiões decorados com a bandeira do regime circularam ao longo do dia por Duma oferecendo pão, arroz e massa em nome do governo de Assad. Ainda de acordo com a agência de notícias, que participou numa visita guiada do governo às ruas abandonadas pelos rebeldes na última semana, a segurança encontra-se por inteiro nas mãos de soldados sírios e polícia militar russa.