Arons de Carvalho é o mandatário nacional da terceira candidatura de António Costa ao cargo de secretário-geral. O fundador do partido confessa que teve dúvidas sobre a aliança do PS com os partidos à sua esquerda, mas ficou “agradavelmente surpreendido” com os resultados da geringonça. Não esconde, porém, que o PS deve bater-se pela maioria absoluta nas próximas legislativas e que se a conseguir esta solução política não é repetível. O ex-deputado socialista responde a Ana Gomes e considera que seria um “erro colossal” discutir, no próximo congresso, que se vai realizar no final do mês de maio, os casos que envolvem José Sócrates e Manuel Pinho. “O PS não deve pronunciar-se sobre questões que estão na justiça. Nem a favor dos acusados, nem contra eles”, afirma. Arons de Carvalho, que foi o primeiro líder da Juventude Socialista, conta ainda como é que se deu a entrada de António Costa no partido com apenas 16 anos.
Como é que viu a divulgação dos interrogatórios [no âmbito da Operação Marquês]?
Vejo com preocupação. Já ouve vários juristas que se pronunciaram nesse sentido e a ministra da Justiça [Francisca Van Dunem]. É, de facto, grave que tenha sido divulgado por uma ou duas televisões sem consentimento dos próprios. Isso fere princípios básicos do direito processual penal. A justiça fará também o seu percurso nessa matéria e espero que se descubra quem é o responsável pelas fugas de informação. Temos de aguardar que a justiça funcione.
Pelo que já sabemos deste caso não acha que há, no mínimo, comportamentos reprováveis, nomeadamente quando falamos de um primeiro-ministro que vivia com dinheiro de um amigo que era construtor civil?
Não conheço os dados todos. Não conheço as situações. O que as pessoas vão conhecendo é, por vezes, a transcrição disto e daquilo. Não acho que seja reprovável uma pessoa viver com dinheiro emprestado de outra. Não é por isso que as coisas estão erradas, mas penso que as pessoas só se deviam pronunciar quando os casos estivessem julgados. Até lá deixemos a justiça funcionar. Qualquer intervenção pública a favor ou contra uma pessoa indiciada ou acusada só perturba a justiça e até perturba a defesa das pessoas.
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