O plano de reestruturação dos CTT continua em marcha. Para este ano, a empresa prevê captar poupanças de 13,8 milhões de euros, mas só nos primeiros três meses do ano os Correios conseguiram capturar 11,7 milhões de gastos recorrentes, ou seja, 85% da meta já foi alcançada.
Francisco Lacerda já veio garantir que «o plano de transformação operacional está a superar as projeções iniciais, tendo já contribuído positivamente para a estrutura da despesa», revelou em comunicação na apresentação de resultados da empresa no primeiro trimestre.
Os lucros da empresa caíram quase 50% para 4 milhões de euros, nos três primeiros meses do ano. Um ano antes, os Correios tinham registado um resultado de 10,3 milhões de euros. A empresa explica que este resultado se deveu a gastos não recorrentes, sem os quais os lucros teriam decrescido 27,4%. O EBITDA recorrente caiu 18,9% para 22,7 milhões de euros, tendo os custos extraordinários ditado um EBITDA reportado de 18,4 milhões de euros.
A empresa liderada por Francisco Lacerda diz que esta diminuição está relacionada com o facto de terem existido menos dois dias úteis no primeiro trimestre face aos três primeiros meses do ano passado e de o aumento de preço que entrou em vigor no início de abril ainda não ter impacto.
Durante este período e, no âmbito do programa de reestruturação, saíram no primeiro trimestre 58 pessoas. Os CTT tinham 12.194 trabalhadores, mais 32 que há um ano, devido à integração de 141 trabalhadores da Transporta, adquirida em maio de 2017. Sem este efeito, o número de trabalhadores teria caído em 109, devido à diminuição de 179 efetivos.
A ideia é continuar a reduzir o número de trabalhadores: menos mil até 2020. O objetivo é simples: «Redesenhar a arquitetura e a cobertura da rede de distribuição», bem como «ajustar a dimensão e tipologia da frota e concentrar centros de distribuição postais». Ao mesmo tempo, querem «melhorar a eficiência dos processos de divisão e sequenciamento através da automatização» e «aumentar a produtividade através da redução do absentismo».
Renacionalização afastada
O Governo já afastou o cenário de nacionalizar a empresa, apesar da pressão dos partidos que apoiam o Executivo. «Sendo uma entidade pública sob concessão não havia lugar a nacionalização, quando muito haveria lugar ao resgate da concessão. A questão do resgate pôr-se-á ou não nos termos do contrato e nos termos da avaliação que cabe em primeiro lugar à Anacom», afirmou António Costa, no final do ano passado.
Uma decisão que continua a não satisfazer o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, que voltou agora a exigir a reversão imediata da privatização, lembrando que se trata de um «problema político». Segundo o sindicato, a administração «está a fazer o que lhe compete, que é uma atividade de gestão, e dá dinheiro aos acionistas». Mas houve um preço a pagar: «O serviço piorou porque eliminaram postos de trabalho, diminuíram trabalhadores sem os substituírem, diminuíram a frequência da distribuição domiciliária de correio, eliminaram estações de Correios e, além disso, existem nos CTT cerca de 1000 trabalhadores precários que, como é óbvio, não sabem ou não têm a experiência dos trabalhadores efetivos».