João Torga é o presidente da direção do Clube Oriental de Lisboa. Em entrevista ao i por ocasião do encontro anual das velhas glórias e associados do clube, fala sobre o futuro e a ambição que tem para o clube até ao final de mandato em 2020.
Que balanço faz da época?
Esta época correu de uma forma até um pouco atribulada porque a direção que estava cá demitiu-se. Depois houve contactos com uma série de pessoas que não aceitaram. E eu pela terceira vez lá aceitei ser presidente. Só tínhamos um jogador da época passada, formou-se uma equipa praticamente em 15 dias e entretanto o campeonato começou a correr bem. Conseguimos fazer um campeonato tranquilo, que é aquilo que nós tínhamos pedido no princípio da época e que nos levou ao segundo lugar, prestes a entrar no playoff. Foi uma época muito boa em virtude de nos termos um orçamento um pouco mais baixo que outra equipas que tinham investido muito mais e conseguido os objetivos.
O orçamento é a grande dificuldade?
É. Porque mesmo no campeonato nacional de seniores há muitos clubes que recorrem a capitais estrangeiros e às SAD. E nós no nosso ADN sempre fomos contra essa situação. De maneira que temos alguma dificuldade, mas temos os ordenados todos em dia. Porque uma questão de princípio é que os jogadores e as pessoa ligadas ao clube têm de receber a tempo e horas.
Consegue manter isso?
Sim. O Oriental é um clube sem passivo, temos só a despesa flutuante. Estamos em dia com a Segurança Social, com as Finanças.
Isso prejudica desportivamente?
A nível competitivo é capaz. Porque estamos a lidar com outras equipas que têm orçamentos muito mais elevados que nós e que em princípio conseguem manter uma capacidade técnica superior à média. Mas nós formámos um conjunto bom. Toda a gente se dava bem, tudo a puxar para o mesmo lado e conseguimos este objetivo.
A equipa é profissional?
Não. Na nossa equipa só tínhamos dois jogadores profissionais. Por opção e incapacidade financeira.
Como consegue obter receitas?
Patrocínios. A nossa fonte principal é a comparticipação numa bomba de gasolina. Depois temos os patrocínios das entidades locais, a marca que nos patrocina é a Delta, e contamos também com o dinheiro dos associados. Essencialmente é isso.
Mantêm todas as camadas?
Sim, sim. Até acontece que este ano estamos na contingência de tanto os iniciados, como os juvenis e os juniores subirem de divisão.
As escolas do Oriental são uma aposta da direção? E isso vai fazer diferença no futuro do Oriental?
Sim, são uma aposta. Para o futuro do Oriental estamos em negociações com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) para nos ceder um terreno para construir um segundo campo. Estamos inseridos aqui na zona de Marvila, que é uma zona muito populacional. É a segunda maior freguesia de Lisboa e temos muitas solicitações para o futebol da formação e precisávamos deste terreno aqui e andamos a negociar o protocolo com a CML.
E como é financiado?
Essencialmente o que a gente precisava era do terreno, O resto viria por acréscimo. Com alguma dificuldade, como é evidente, mas viria.
O que torna o Oriental diferente?
É o nosso ADN. O Oriental é um clube histórico. Tem um quinto lugar na primeira divisão. Teve uma série de participações na primeira divisão. Foi campeão nacional na segunda e estamos inseridos numa zona do operariado, com pessoas muito solidárias. Nós além do aspeto futebolístico também criamos amizade com as pessoas que merecem. E somos atenciosos, resolvemos às vezes até alguns problemas da sua vida profissional e familiar. Somos diferentes.
E também aposta nas modalidades?
O Oriental é um clube eclético. Temos doze modalidades e existe procura nos vários escalões. Falta-nos é infraestruturas para dar resposta ao que nos é solicitado.
Como vê o futuro do Oriental?
O meu mandato é de três anos. Estamos a acabar o primeiro ano agora. Já adjudicámos uma pala aqui para a cobertura da bancada. O arranque está previsto para o dia 7 do mês que vem, para na próxima época já estar a funcionar. A outra situação era a cedência dos terrenos para construir outro campo. Andamos a jogar ali em baixo no campo do Ferroviário. É um bocado desagradável porque os jogadores têm se se equipar aqui, e depois vão por aí abaixo até ao ferroviário e no inverno com chuva é desagradável. Os carros do Oriental levam os equipamentos e lá vão depois os rapazes por aí abaixo a pé porque não cabem todos nos carros.
Não ambiciona fazer um investimento à semelhança de outros rivais?
A outra direção tentou que entrassem aqui investidores estrangeiros, e tentou fazer uma SAD. Só que a massa associativa em assembleia não aceitou. De maneira que em princípio vamos continuar nesta situação.
Quantos sócios são?
Temos cerca de 1500 a pagar. Ainda é um bocadito. Com uma quota de cinco euros por mês.
Acha que a ambição deve ser a Primeira Liga?
Prefiro subir gradualmente e com os pés assentes no chão. A Primeira Liga é extremamente difícil nos tempos mais próximos. Vamos a ver se conseguimos formar a equipa para o ano chegar ao playoff e tentar a segunda liga onde estivemos há bastante pouco tempo.
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