Nove dos 23 adeptos detidos por terem agredido jogadores, funcionários e elementos da equipa técnica do Sporting aceitaram prestar declarações ao juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro. Os restantes deverão manter-se em silêncio durante os primeiros interrogatórios.
Ontem, quatro dos envolvidos nas agressões foram ouvidos e esta sexta-feira deverão ser interrogados os restantes, a partir das 9h30. Só depois de terminados os interrogatórios serão decretadas as medidas de coação, sendo que como o i adiantou ontem, o Ministério Público deverá propor a medida mais gravosa – a prisão preventiva – para a maior parte dos agressores. Cabe também ao Ministério Público propor os crimes pelos quais serão indiciados e que serão avaliados pelo juiz.
Os elementos do grupo poderão vir a responder pelas suspeitas de um total de nove crimes – terrorismo, sequestro, incêndio florestal, posse de arma proibida agravada, resistência e coação sobre funcionário, introdução em lugar vedado ao público, ameaça agravada, ofensa à integridade física qualificada e dano com violência –, mas algumas das suspeitas podem vir a cair entretanto, nomeadamente o crime de incêndio florestal.
Durante a tarde de ontem, e segundo um comunicado do tribunal, os agressores – quase todos detidos desde o final da tarde de terça-feira – receberam roupa das famílias. E puderam tomar banho. Hoje regressam às instalações do tribunal, escoltados pelos militares da Unidade de Intervenção da GNR.
Videovigilância só na saída
Ontem, um antigo diretor de instalações da Academia do Sporting disse publicamente estranhar os contornos da invasão de terça-feira. Em declarações ao CM, José Diogo Salema explicou que, nos oito anos em que esteve à frente da Academia de Alcochete, e quando havia treinos da equipa principal, “o portão estava sempre fechado” e “havia sempre alguém na sala de controlo” a monitorizar “as imagens das várias câmaras que cobriam todo o recinto”.
Também Pedro Madureira, que representa alguns dos 23 detidos, se referiu, durante o dia de ontem e à margem dos interrogatórios, às imagens de videovigilância, que só chegaram à GNR 12 horas após os incidentes. Em declarações aos jornalistas, o advogado afirmou que, até ao momento, só foram enviadas ao tribunal as imagens “de saída” dos adeptos. “Não vi imagens de entrada nenhumas… se calhar não estão cá as imagens todas”, disse. Questionado sobre o porquê de essas imagens não estarem no processo, o advogado acrescentou não acreditar “que as câmaras estivessem desligadas” no momento da entrada.
Pedro Madureira criticou ainda a forma como o processo está a ser conduzido. “Não houve o cuidado de individualizar as ações de cada um [dos arguidos]”, exemplificou.
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