Sobre este último ponto, o processo seria simples: pagar-lhes-ia até ao fim de agosto, pelo que eles não poderiam treinar outro clube (a época futebolística começa exatamente em agosto). Sobre o ponto 2, ia levantar-lhes um processo disciplinar com vista ao despedimento por justa causa.
Sobre o ponto 1, eles estavam despedidos mas não podiam dizê-lo publicamente, pois formalmente isso só se efetivaria com o processo disciplinar.
Nesta altura da reunião, muito calmo – pois tinha previsto a situação com o seu advogado, Luís Miguel Henrique -, Jorge Jesus perguntou: «Estou suspenso?». Aparentemente, Bruno não estava à espera da pergunta. E limitou-se a dizer: «Ser-lhe-á comunicado amanhã».
O encontro acabou assim em ambiente gelado, e à saída o semblante de Jesus não enganava. As notícias de que o treinador tinha sido suspenso foram para o ar, mas Bruno de Carvalho pôde desmenti-las à saída da reunião – visto que, oficialmente, isso não sucedera. Tudo se passara verbalmente. Havia que esperar pela comunicação formal.
Alvalade em polvorosa ‘esquece-se’ de Jesus
Na terça-feira de manhã, Alvalade entrou em polvorosa com uma notícia do Correio da Manhã denunciando casos de corrupção no andebol, praticados pelo braço-direito de Bruno de Carvalho, André Geraldes. E o jornal prometia para o dia seguinte mais revelações, que poderiam estender-se ao futebol (como viria a acontecer). Instalou-se o caos. Todos se ‘esqueceram’ de Jesus. E só às 13h00 este foi informado de que devia dar o treino à equipa principal.
Durante a tarde, dar-se-iam em Alcochete os acontecimentos mais ‘negros’ da história do Sporting: agressões a jogadores e ao treinador. Alguns dos elementos da Juve Leo que participaram nestes atos haviam estado presentes na reunião de 6 de abril com Bruno de Carvalho.
Os invasores passaram o portão de entrada da Academia e dirigiram-se ao relvado principal, onde só estava Jorge Jesus. Aí, rodaram 90 graus e correram para os balneários, com Jesus a gritar atrás deles: «Ninguém toca nos jogadores!».
Nessa altura deram-lhe com um cinto nas costas, ele reagiu e foi atirado ao chão. Depois levou um soco que lhe atingiu o olho e o nariz, e um pontapé na barriga. O treinador, a sangrar, dirigiu-se a Fernando Mendes, o único elemento do bando que tinha a cara descoberta, pedindo-lhe ajuda para acalmar os ânimos. Mas este respondeu que «não era para bater» mas tinham perdido o controlo da situação.
Um dos principais alvos dos agressores foi Bas Dost, que tem enfrentado o presidente em várias ocasiões e defendido o grupo de trabalho. Outros alvos foram Acuña e Bataglia. Isto porque, no domingo, tinham reagido com veemência aos insultos de elementos da claque no aeroporto do Funchal, depois da derrota contra o Marítimo. «Vão para …», terão dito (em espanhol) os dois jogadores argentinos aos que invetivaram a equipa. Entre estes, Fernando Mendes era um dos mais exaltados e, segundo testemunhas, estaria alcoolizado.
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