Há quatro anos, no primeiro congresso de Costa, Francisco Assis abandonou o pavilhão em protesto com o excesso de discursos esquerdistas na paisagem. Opôs, depois, à formação da geringonça e, há dois anos, fez um discurso profundamente crítico da solução de governo. Agora, Assis está completamente à vontade: fala-se em recentramento, discursos esquerdistas só de Pedro Nuno Santos, o seu PS está de regresso.
Abriu o seu discurso na batalha com uma homenagem a António Arnaut, ponto de união de todos os socialistas e menorizou as divergências do passado, no meio de abundantes elogios a António Costa.
“Nunca fui a favor da geringonça, mas isso não fez de mim um inimigo do PS. Fui sempre claro e frontal”, disse para reconhecer que “algumas das expectativas mais negativas não se consumaram e isso deve-se à liderança do primeiro-ministro António Costa”. E, dirigindo-se directamente a Costa, lançou: “Anestesiaste o Bloco de Esquerda e o PCP e isso foi muito bom para Portugal”.
Depois de se manifestar favorável à eutanásia, defendeu também que no futuro “o PS deve governar sozinho com disponibilidade para falar à esquerda e à direita”.
Os elogios de Assis a Costa foram entusiásticos. Quatro anos depois, tudo é diferente. “És um bom primeiro-ministro mesmo no contexto da geringonça, imagina o primeiro-ministro que poderás ser sem ela?”. Tal como Costa tinha dito na sexta-feira, também Assis “não tem qualquer problema com a história do PS”. Os bons espíritos fazem sempre o favor de se reencontrar, segundo a frase batida.