O único opositor de António Costa, que teve 4% nas directas na sua candidatura a secretária-geral acusou o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, de avançar com uma moção setorial e “não ter apresentado uma moção de estratégia global, uma vez que tem vindo a propor um caminho não coincidente com o do secretário-geral”.
Com indirectas dirigidas ao rosto da ala esquerda do PS e seus apoiantes, “sequiosos de protagonismo mediático” mas “incapazes de serem consequentes” – ou seja, avançar contra Costa – Daniel Adrião disse não se rever em nenhuma ala do PS e afirmou que essa discussão “só interessa àqueles que pretendem impor ao PS uma narrativa contra a sua história de partido-charneira”. O alvo era também a ala esquerda. Adrião invocou Mário Soares que, tanto se aliou ao PSD e ao CDS, como foi à Aula Magna com os partidos de esquerda numa sessão “que viria a abrir caminho à geringonça”.
A moção de Costa
Mariana Vieira da Silva tinha uma responsabilidade enorme: apresentar a moção do secretário-geral. Mas a saída da super-adjunta do primeiro-ministro dos bastidores para o palco de um congresso foi feito a custo. Do palco, Mariana parecia intimidada. Não é este o seu terreno.
A adjunta do PM fez a defesa do caminho que o PS trilhou até agora, desde a eleição de Costa como secretário-geral, ao apresentar, por exemplo, o cenário macro-económico. “Fizemos o caminho certo”, disse Mariana Vieira da Silva, respondendo às acusações de que a moção de Costa, de que é autora, seria demasiado “vaga”. “Hoje, como há quatro anos, alguns dizem que os objectivos da moção são vagos. Não são”, afirmou Mariana, dizendo que as alterações climáticas, a demografia, e as outras prioridades da moção “vão permitir à geração entre os 20 e os 30 anos poder viver a sua vida”. “O PS quer continuar a política de recuperação de rendimentos que é um pressuposto fundamental da nossa política”, disse a autora da moção que será no domingo aprovada por esmagadora maioria.