A modorra insuportável do sábado no Congresso do PS foi quebrada pouco antes das 16 horas, quando o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares começou a falar.
Se no início disse logo que “o debate sobre rótulos não interessa aos portugueses”, foi veemente na defesa do seu caminho: o futuro do PS não é com a direita. Houve muitas palmas e, no fim, os congressistas aplaudiram de pé. Uma pedra no centrismo que até agora tem dominado os discursos.
Pedro Nuno Santos recordou aos congressistas que se o PS é governo não o deve à direita. “Esta solução foi feita contra o PSD e o CDS, foi feita apesar deles, foi feita contra a direita portuguesa”.
Rejeitou o centrismo que anima António Costa e Augusto Santos Silva, recusando que o papel do PS seja falar para as elites, mas para o povo que trabalha mais de 40 horas por dias e “ganha pouco e ganha mal”. Aqui a sala irrompeu em palmas. “O PS só manterá a sua maioria no país se não deixar de falar para esse povo”, disse o líder da ala esquerda do PS e o maior defensor da geringonça, neste momento. “Não contem com o PSD e CDS para proteger os trabalhadores. Estão obcecados com a flexibilidade laboral. Não é com o PSD e CDS que vamos proteger o serviço público de reformas”, disse.
“Camaradas, isto não é radicalismo, é ser socialista”, disse Pedro Nuno aos congressistas, para terminar com um elogio à situação actual: “Depois destes dois anos e meio liderados por António Costa podemos dizer com orgulho: ‘Sim, eu sou socialista’”.
O Congresso levantou-se e aplaudiu de pé.