Maior aposta na formação executiva

Universidades portuguesas melhoram no ranking  internacional e Business Schools aumentam oferta e diversificam programas. Empresas valorizam procura de competências.

Maior aposta na formação executiva

O reconhecimento internacional da qualidade das universidades portuguesas tem motivado o alargamento e consolidação da formação de executivos em Portugal. A oferta das Business Schools é cada vez mais diversificada – o Master in Business Administration (MBA) continua a ser o programa de excelência neste tipo de formação – numa concorrência que é mundial, vista como uma oportunidade pelos alunos e valorizada pelas empresas. 

«Num contexto económico e empresarial em constante mutação, onde surgem diariamente novos e diferentes desafios, estes programas promovem a aquisição de um conjunto de competências que permitirá aos seus participantes melhorar a sua performance individual e naturalmente das suas organizações», resume Nuno Freitas, Principal da Principal da Boyden Global Executive Search Portugal.

«Além da atualização de conhecimentos e aquisição de novos conceitos e metodologias, em algumas Business Schools, estes programas são enriquecidos com conteúdos programáticos de cariz internacional, sendo lecionados por gestores experientes e notáveis nas suas áreas», acrescenta o especialista da empresa líder em executive search em Portugal, lembrando ainda que «estes programas potenciam a partilha de experiências entre os seus participantes e fomentam o networking», algo que é «valorizado em contexto de recrutamento», uma vez que o empregador está na «presença de um candidato que tem procurado desenvolver as suas competências através da participação neste tipo de programas, sobretudo quando essa formação é realizada em escolas de prestigio, reconhecidas pelo nível de preparação e capacitação dos seus alunos».

As formações para executivos de quatro escolas de negócios – Business Schools – de universidades portuguesas foram distinguidas no ranking do Financial Times, feito pelo jornal britânico desde 1999, que combina as avaliações obtidas em dois tipos de programas de formação: abertos e à medida para as empresas. A Católica Lisbon Shool of Business and Economics surge na 40.ª posição e a Nova School of Business and Economics (SBE) fecha a lista, no 50.º lugar.

Liderança 

Nos programas de formação abertos, além da Católica Lisbon (em 50.º lugar) e da Nova SBE (em 57.º) aparecem ainda a Porto Business School (PBS) no 69.º e a ISCTE Business School no 80.º e último lugar. Nas formações à medida, que elenca 90 escolas de todo o mundo, a Católica Lisbon é a melhor classificada (42.º lugar,) seguindo-se a Nova SBE em 62.º e a PBS em 75.º lugar.

A suíça IMD e a IESE Business School, de Espanha, mantiveram a liderança do ranking do Financial Times em 2018. A escola de Lausanne lidera nos programas abertos e a de Barcelona as formações à medida das empresas, tendo a escola suíça ficado como a referência neste tipo de formação, ao liderar a lista pelo sétimo ano consecutivo. Já a escola espanhola, da qual a portuguesa AESE é um escola associada, pela sua perspetiva internacional, está no topo pelo quarto ano consecutivo. O ranking do Financial Times analisa as instituições de ensino a partir de informação recolhida junto de alunos, direções das escolas e empresas. 

«Em termos gerais creio que existem em Business Schools em Portugal com a qualidade e com programas adequados ao contexto atual e às exigências do mercado», aponta Nuno Freitas, para quem é «com bastante satisfação» que se assiste «à presença cada vez mais assídua de instituições portuguesas nos rankings internacionais de formação para executivos». 

Na formação para executivos são muitos e diversos os programa, que podem ir de um workshop de um dia, numa qualquer área de especialização, até um MBA com a duração de dois anos, muitos deles com uma temporada passada numa numa universidade estrangeira. Estes últimos são os programas por excelência neste tipo de formação e são procurados devido à elevada taxa de empregabilidade e à possibilidade de experiência em algumas das empresas mais reputadas e em incubadoras de empreendedorismo internacionais. 

Os MBA chegaram a Portugal no início dos anos 80, o mesmo número de anos depois de terem aparecido nos EUA. Em Portugal têm-se disseminado e há cada vez mais MBA portugueses a marcar posição nos rankings mundiais.
Por exemplo o ‘The Lisbon MBA’, programa conjunto da Católica Lisbon School of Business & Economics, Nova SBE e MIT Sloan School of Management, ficou em 21.º lugar entre programas conjuntos de MBA do mundo. Este ranking, da responsabilidade da ‘QS World University Rankings’, é elaborado tendo em conta cinco dimensões: reputação entre os empregadores (30%), reputação académica dos programas (25%), oportunidades de carreira (20%), o perfil executivo dos estudantes (15%) e a diversidade (10%), um dos aspetos mais importantes.

O número de alunos portugueses e estrangeiros que procura MBA em Portugal tem vindo a aumentar e as escolas de negócios e as instituições de ensino superior procuram melhorar a oferta num mercado cada vez mais competitivo e globalizado. São várias as vantagens em tirar um MBA, que não confere grau académico, ao contrário de um mestrado ou doutoramento. Desde logo a taxa de empregabilidade e de mudança de emprego de um aluno que tenha MBA, ficam sempre, no geral, acima dos 50%. Depois e, além do networking e da troca de conhecimentos e de diferentes experiências profissionais, salienta-se ainda a oportunidade de fazer parte do curso em universidades ou empresas no estrangeiro.

Por exemplo no ISEG – que começou com os MBA em 1984 – os alunos passam uma semana em Silicon Valley, nos EUA. No caso do Magellan MBA da PBS, os alunos realizam parte do curso na Gisma Business School, em Hanover, e no MBA do ISCTE, os alunos frequentam a HEC, uma escola de negócios em Paris.

A experiência internacional também está prevista no MBA da AESE, com os alunos a passarem uma semana intensiva em Gurajat, na Índia, tendo aulas e assistindo a seminários no Instituto indiano de Gestão de Ahmedabad. Há ainda a possibilidade de frequentarem uma semana intensiva opcional na IESE.

No caso do MBA da Universidade Católica no Porto, o Atlântico, os alunos frequentam durante três meses a Universidade Católica de Angola e outros três meses a Católica do Rio de Janeiro.

Em Portugal, a oferta de MBA é vasta e diversificada, e entre politécnicos, universidades públicas e privadas e Bussiness Schools, há mais de 20 ofertas deste tipo de formação executiva. A acompanhar a oferta está a procura e muitos destes são em inglês, o que tem atraído mais alunos estrangeiros. Há MBA em que um terço dos alunos são estrangeiros.

Aposta digital

Mas a maior procura não faz com que haja mais vagas, pois passa a existir uma maior exigência na seleção entre as candidaturas dos alunos e muitas exigem como pré-requisito alguns anos de experiência profissional. Há ainda cursos que submetem os candidatos a provas e a entrevistas pessoais.

Mas a formação executiva não se cinge aos MBA e são vários os novos tipos de formação executiva existentes. Por exemplo o IDEFE, do ISEG, aposta na área digital com cursos breves como ‘Social Media Management’ ou ‘Business Innovation & Agility.’ Ainda na área digital, mas em programas mais longos há formações em ‘Marketing Digital’, ‘Data Science & Business Analytics’ e ‘Competitive Intelligence’. 

Também a PBS aposta em reforçar programas sobre blockchain, analytics, e-commerce ou digital transformation. Já a Nova SBE considera que além do digital as soft skills são essenciais, uma vez que as necessidades das empresas – e dos indivíduos – passam por lideranças em contextos cada vez mais acelerados e desafiantes.

«Além das competências clássicas que constituem os estilos liderança, como são exemplos: pensamento estratégico, comunicação, relacionamento interpessoal, inovação, orientação para resultados» o Principal da Boyden Global Executive Search Portugal destaca a «ética e integridade, digital awareness e capacidade para atrair talento» como as competências mais procuradas pelas empresas para a contratação de um executivo.