A União Europeia (UE), o Canadá e o México preparam medidas retaliatórias à decisão dos EUA, anunciada na quinta-feira, de aplicar taxas aduaneiras sobre as importações de aço e alumínio.
A UE vai contestar a decisão junto a Organização Mundial de Comércio (OMC), garantindo que irá responder de forma «proporcional» e já tem preparada uma lista de 10 páginas com tarifas a impor à importação de produtos norte-americanos, desde whiskey (bourbon), jeans Levi’s ou motas Harley-Davidson, no valor de quase três mil milhões de euros.
«Vamos introduzir imediatamente uma ação legal junto da Organização Mundial do Comércio e iremos anunciar medidas de resposta», disse o presidente da Comissão Europeia depois do anúncio dos EUA. Se forem aprovadas pelos 28 Estados-membros da UE, as medidas entrarão em vigor, de acordo com a agência Bloomberg, a 20 de junho. «É totalmente inaceitável que um país esteja a impor medidas de forma unilateral no que diz respeito ao comércio mundial», acrescentou ainda Jean-Claude Juncker.
Também o México anunciou que «perante as tarifas impostas pelos EUA, vai impor medidas equivalentes a vários produtos, como aços planos e lâmpadas». Segundo o ministério da Economia mexicano, as tarifas serão aplicadas «por um valor comparável ao nível da afetação». O México considera ainda que as tarifas «não são adequadas nem justificadas» e o aço e o alumínio contribuem para a «competitividade de vários setores estratégicos e altamente integrados» na América do Norte.
Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, disse que a decisão norte-americana é «completamente inaceitável» e rejeitou a alegação de que o seu país seja uma ameaça à segurança nacional dos EUA. O Canadá deverá impor tarifas até 25% a produtos – no valor de 13 mil milhões de dólares – que os EUA vendem ao vizinho do norte. Entre estes estão aço norte-americano, iogurtes, whiskey ou café.
Na origem das retaliações estão tarifas impostas por Washington de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as importações de alumínio. Estas medidas estiveram congeladas durante os últimos dois meses, mas as isenções temporárias acabam agora. «Decidimos não estender a exceção para a União Europeia, Canadá e México, pelo que estarão sujeitos a tarifas de 25% e 10% na importação de aço e alumínio», indicou o secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, na quinta-feira. No entanto acrescentou: «Estamos ansiosos para continuar as negociações, tanto com o Canadá e o México, por um lado, e com a Comissão Europeia, por outro, porque há questões que também precisamos de resolver».
Em conjunto, Canadá, México e UE exportaram, em 2017, um total de 23 mil milhões de dólares de aço e alumínio para os EUA – quase metade do valor importado destes produtos (47 mil milhões de dólares) pelos norte-americanos.
Para justificarem as medidas, os EUA argumentam com uma lei do comércio, da década de 1960, que permite a aplicação de barreiras comerciais quando as importações de bens representem uma ameaça à segurança nacional.
O mundo receia que a escalada de contramedidas seja capaz de abalar a atual ordem do comércio global.