Os trabalhadores da Autoeuropa reunidos ontem em plenário exigiram que a administração da fábrica de Palmela reabra as negociações em relação ao regime de laboração contínua e, para isso, vão entregar uma abaixo-assinado à administração da empresa.
Segundo a Comissão de Trabalhadores liderada por Fausto Dionísio, o documento foi subscrito de forma massiva e dá conta do descontentamento dos trabalhadores da Autoeuropa quanto à compensação decidida pela administração para o trabalho ao domingo.
Ao SOL, fonte oficial da empresa disse apenas: “Estamos disponíveis como sempre estivemos para falar com os trabalhadores”.
O novo coordenador da CT vai reunir-se esta quarta-feira com os sindicatos representados na empresa, para discutir a situação interna. Em cima da mesa está um pré-aviso de greve entregue pelos sindicatos afetos à CGTP. A paralisação está marcada para o próximo dia 9 de junho, no mesmo dia em que a CGTP tem marcada “uma grande manifestação nacional”.
Em causa está a proposta da administração da fábrica de Palmela que prevê a atribuição de uma folga extrassemanal ao domingo por cada quatro semanas – uma situação que não está a agradar aos trabalhadores.
Além disso, no novo modelo laboral, os operários vão ganhar ao domingo o mesmo que nos dias úteis e vão receber 100% de um dia normal de trabalho por mês por cada dois turnos trabalhados ao fim de semana; serão ainda pagos 25% trimestralmente consoante o cumprimento do volume de produção.
Fausto Dionísio já tinha revelado que a Comissão de Trabalhadores apresentou uma contraproposta para que a empresa pagasse apenas um dos dois domingos que cada trabalhador deverá fazer durante o período de um mês com um acréscimo de 100%, até final deste ano, e que todos os domingos fossem pagos com o mesmo acréscimo de 100% a partir de janeiro de 2019. No entanto, foi recusada.
Os novos horários foram uma consequência direta do aumento das encomendas do novo SUV. A meta já foi anunciada: atingir até final do ano um volume de produção na ordem dos 240 mil veículos – a maioria dos quais o modelo T-Roc.
O i sabe que, neste momento, já estão a ser produzidos diariamente 870 veículos, dos quais 650 correspondem ao novo SUV, o que dá uma produção de 26 a 27 T-Rocs por hora. Mas a ideia é aumentar para 28 a 29 por hora, com vista a dar resposta à crescente procura.
Aliás, o modelo que está a ser fabricado exclusivamente na Autoeuropa desde agosto vai ter um peso importante nas vendas da marca alemã: o T-Roc deverá representar 40% das vendas da marca até 2027.