A banca está melhor, mas continua com vulnerabilidades e precisa de continuar a reduzir os riscos, que se prendem acima de tudo com a exposição à dívida e também ao setor do imobiliário, numa altura em que já se nota sobrevalorização.
No Relatório de Estabilidade Financeira, apresentado ontem, o Banco de Portugal afirma que o nível de dívida quer dos particulares, quer das empresas, e também das administrações públicas está a diminuir, mas continua a ser um dos mais elevados da União Europeia (UE), o que se traduz numa das grandes vulnerabilidades do setor bancário, apesar da evolução favorável do sistema. “O sistema bancário continua a apresentar vulnerabilidades: os níveis de rendibilidade, apesar de terem aumentado, permanecem baixos; o stock de NPL – Non Performing Loans [malparado] ainda é significativo; e a elevada exposição à dívida pública e ao imobiliário tornam o setor particularmente sensível a evoluções desfavoráveis nos preços destes ativos”, resume o relatório do BdP, que salienta o esforço de redução do malparado.
“Entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017, o stock total de NPL reduziu-se em mais de 9,3 mil milhões de euros (20%), refletindo em larga medida o elevado volume de empréstimos abatidos ao ativo, as vendas de NPL e a saída de empréstimos da categoria de NPL”, lê-se no documento, que acrescenta, no entanto, que “tendo em vista a redução das vulnerabilidades do setor, é fundamental que os bancos continuem a cumprir os planos de redução de ativos não produtivos submetidos às autoridades de supervisão, bem como que completem o ajustamento das suas estruturas de custos.”
O mesmo documento indica que foram vários os acontecimentos que ajudaram à robustez e estabilização da banca, com destaque entre estes para a recapitalização da CGD, o aumento do capital do BCP e da CEMG ou a conclusão do processo de venda do Novo Banco à Lone Star.
No que diz respeito à dívida das empresas, o foco vai para o aumento significativo da taxa de poupança e da capitalização, que as aproxima da área do euro. Mas a taxa de poupança dos particulares está em níveis muito baixos. Já a “exposição à dívida pública dos bancos residentes [títulos de dívida e empréstimos] representa cerca de 15% do ativo total, da qual 11,6% do ativo total respeitando a títulos de dívida”, o que é, no entender do regulador, uma das vulnerabilidades da banca.
Tal como o é, aponta o regulador bancário, o aumento do preço das casas. “O crescimento dos preços no segmento imobiliário residencial tem sido particularmente forte”, lê-se no Relatório de Estabilidade Financeira. “Na segunda metade de 2017 começaram a surgir alguns sinais, embora muito limitados, de sobrevalorização dos preços neste segmento”. acrescenta, salientando que embora as “indicações de sobrevalorização em termos agregados sejam muito limitadas, a duração e a rapidez do crescimento dos preços podem implicar riscos para a estabilidade financeira em caso de persistência ou reforço desta dinâmica.”