Esta terça – feira, o Público escreve que há, como há muito se sabe, uma má relação entre os jovens portugueses e a matemática, e isto está a afastá-los do concurso nacional para universidades e politécnicos com cursos “importantes para o desenvolvimento do país”.
O exame de Matemática A é um dos mais importantes para quem quer ingressar numa universidade ou politécnico. Este exame é usado como prova de ingresso – seja apenas esta disciplina ou em conjunto com outra – para cerca de um quarto dos cursos superiores, refere o mesmo jornal. Nos últimos seis anos, o número de alunos que se inscreveu em cursos de engenharias subiu conforme a média subia, e desceu cada vez que a média descia.
Este ano, a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) já reagiu ao exame realizado esta segunda-feira e “considera não ter sido salvaguardado o interesse dos alunos por não terem sido elaboradas as duas provas que se impunham: uma para os alunos do atual programa e uma outra para os alunos repetentes, versando sobre o programa anterior”, num comunicado à imprensa, defendendo que os alunos não estão em pé de igualdade este ano.
Houve mais de 45 mil alunos a realizaram o exame.
A SPM lamentou ainda “ a situação criada para milhares de alunos e respetivos professores que, desta forma, não veem devidamente valorizados o trabalho e o esforço desenvolvidos durante três anos, tendo-se assim criado uma situação de incerteza e potencial injustiça em relação ao acesso ao ensino superior".
Uma investigadora da Universidade de Évora, Isabel Vieira, especializada no acesso ao ensino superior, explicou ao Público que são os alunos com notas mais baixas que sentem mais a influência dos exames nacionais, tendo mais impacto na hora em que têm de concorrer ao ensino superior, pois “são estudantes que tomam decisões em função das notas finais”. Para os estudantes com notas mais altas, a decisão é mais fácil, ainda que uma má nota no exame possa ter um grande impacto no rumo do futuro dos jovens.
O Público falou ainda com o diretor do departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), João Cardoso, e este afirma que as engenharias estão “a perder alunos com capacidades interessantes para a engenharia que não estão a conseguir entrar por causa das notas.”
No entanto, o diretor do curso de Engenharia Civil da Universidade do Minho, Rui Ramos, disse ao jornal que “as dificuldades vêm de trás” e que os maus resultados durante o ensino secundário acabam por ser resultado disto, o que acaba por condicionar os três anos de Matemática A e o exame nacional.Segundo o jornal Público, um terço dos alunos acaba por chumbar à disciplina no ensino básico.
Pelo segundo ano consecutivo, as áreas das Tecnologias da Informação e Informática são consideradas estratégicas pelo Governo e isto terá permitido às universidades o aumento do número de vagas nestas áreas.