O relatório “O Barril de Pólvora do Noroeste”, realizado pela associação WWF, revela que Portugal e Espanha gastam mais de um mil milhões de euros por ano na extinção de fogos.
"O custo da extinção de incêndios em Espanha e Portugal excede em muito os mil milhões de euros a cada ano. Hoje, a maior parte dos fundos alocados às florestas nos orçamentos regionais e nacionais estão destinados à extinção", afirma a organização, que vai apresentar o documento esta quinta-feira em Lisboa e Madrid.
O relatório analisa as causas e fatores em que os grandes incêndios de 2017 aconteceram no nosso país e em Espanha, principalmente a norte do Tejo (em Portugal) e na Galiza e Astúrias (em Espanha).
Segundo a WWF, a União Europeia financia medidas de apoio à extinção de incêndios, através da Política Agrícola Comum (PAC), como por exemplo a reflorestação pós-incêndios. Porém, "nos orçamentos públicos, dificilmente há espaço para a prevenção real e efetiva que vacine contra os incêndios", revela a agência ambiental, citada pela agência Lusa.
O Governo português gasta cerca de 75 milhões de euros na extinção e 20 milhões na prevenção. A WWF diz que estes valores revelam um “desequilíbrio exorbitante” e “que as medidas que são financiadas como prevenção priorizam a construção ou condicionamento de estradas e trilhos florestais, aceiros, pontos de água ou bases para meios aéreos".
Em Espanha, gasta-se em extinção mil milhões de euros e 300 milhões em prevenção.
A agência ambiental questiona se "os políticos realmente acreditam que, com essas medidas, os grandes incêndios podem ser evitados".
Para a WWF, a solução está em apostar num serviço de extinção eficaz e a solução para grandes incêndios não passa “por adquirir mais hidroaviões, mais camiões ou criar mais pontos de água". A agência defende que "os grandes incêndios não se extinguem com água, mas com planeamento territorial e desenvolvimento rural. É necessário dar um futuro económico, ambiental e demográfico às áreas que ardem há já vários anos.”
A WWF defende que a missão dos governos deve ser "reduzir a alta taxa de acidentes, tornar o território menos inflamável e mais resiliente às alterações climáticas, realizar planeamento territorial, designar usos, intervir em propriedades abandonadas, implementar políticas fiscais para incentivar usos compatíveis com a conservação da natureza, desenvolver políticas de desenvolvimento rural que estabeleçam população, criem emprego, e apostem no gado extensivo"