As audições do Chefe de Estado-Maior do Exército, da secretária-geral do SIRP, Graça Mira Gomes, e da secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, por causa da lista de material roubado em Tancos foram aprovadas por unanimidade há uma semana. Mas o calendário de audições transformou-se numa autêntica guerra entre o CDS e o PS. Ascenso Simões, o coordenador da comissão de Defesa, enviou esta quarta-feira um e-mail aos seus colegas, manifestando disponbilidade para ouvir todos os responsáveis de uma só vez e num só dia. Fontes parlamentares ouvidas pelo i queixam-se que já se perderem quatro dias em troca de e-mails, desde domingo, quando o presidente da Comissão de Defesa, Marco António Costa, solicitou a concordância de todas as forças políticas para ouvir esta semana Rovisco Duarte, além de Graça Mira Gomes ou Helena Fazenda em dias diferentes. Na véspera, o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, acusou os socialistas de "fazerem veto de gaveta", em declarações ao Expresso.
Ao í, Nuno Magalhães deixou o aviso: "Não quero acreditar que o PS, depois dos apelos do Senhor Presidente da República, não contribua para que tal aconteça". Para Nuno Magalhães "parece que o PS está a tentar esconder algo" e por isso, não exclui avançar já com uma proposta de comissão de inquérito. Os centristas querem ouvir com caráter de urgência o Chefe de Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, até ao dia 31 de julho. A proposta do PS de ouvir todas as entidades choca com a indisponibilidade da secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda. Na próxima semana não poderá ser ouvida, apurou o i.
O CDS ameaçou pedir uma reunão ao presidente do Parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues, mas oficialmente o seu gabinete informou o i que não está nada agendado. Os centristas tentaram falar também com a direção da bancada do PS para desbloquear o problema que se tornou político, apesar de ser regimental. A última conferência de líderes determinou que as comissões podem reunir até 31 de julho para fixar redações de legislação aprovada ou assuntos urgentes, desde que todos os partidos digam que estão de acordo. Uma formalidade que o PS demorou quatro dias a garantir para que o Chefe de Estado-Maior do Exército vá à Assembleia explicar as discrepâncias entre o material roubado e recuperado do paiol de Tancos. Além disso, Ascenso Simões colocou no requerimento a audição de todas as personalidades no mesmo dia. Facto que será inviável. Ao i o deputado não quis prestar declarações ou reagir às críticas do CDS.
Segundo apurou o i, se Chefe do Estado-Maior do Exército não for ouvido até dia 31 de julho, o CDS vai preparar a proposta de comissão de inquérito para a entregar no Parlamento. Mas, primeiro, Assunção Cristas quererá falar com o Presidente da República na reunião marcada para a próxima semana em Belém.