A cerca de duas horas de acabar o primeiro de cinco dias de greve dos enfermeiros, os sindicatos contam com uma adesão a oscilar entre os 83% e os 97% em todo o país. A maior paralisação registada foi no Centro Hospitalar do Porto, no Centro Hospitalar da Cova da Beira, em Castelo Branco e no Centro Hospitalar do Médio Tejo, em Santarém – todos com 97%. Logo de seguida, está o Centro Hospitalar Lisboa Norte, do qual fazem parte os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, com 95%.
De acordo com as declarações de José Correia Azevedo, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE) à Lusa, o protesto “está a ultrapassar as expectativas” e é o reflexo de um “descontentamento muito grande” dos profissionais de saúde.
Os enfermeiros associados à FENSE, que integra o Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem (SIPE) e o Sindicato de Enfermeiro (SE), exigem a resolução do impasse na negociação do acordo coletivo de trabalho que começou há um ano. Estes defendem a criação de uma carreira especial de enfermagem e lutam ainda pelo descongelamento da carreira. Além disso, pedem também a revisão das tabelas remuneratórias.
José Correia Azevedo lembra que “mesmo que não tenham dinheiro para a pagar atualmente, os sindicatos já propuseram o pagamento em três prestações anuais”.
BALANÇO DO PRIMEIRO
DIA No Hospital de São João os 12 blocos operatórios da unidade hospitalar estiveram fechados, obrigando à “anulação de 400 cirurgias”, afirmou fonte do sindicato.
Face a este panorama, José Correia Azevedo afirmou ontem que apenas foram assegurados os cuidados básicos para garantir a segurança das pessoas, mas que os impactos nas consultas e nas cirurgias, a nível nacional, começaram logo pela manhã.
Nos institutos portugueses de Oncologia de Lisboa, Coimbra e Porto cerca de 90% dos enfermeiros aderiram à paralisação. No Hospital Distrital da Figueira da Foz foram 92%, segundo os números dos sindicatos.
Também com altos números, estão os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria, onde 95% estiveram a protestar. Na Arrábida foram 95%. No Arco Ribeirinho 93% e no ACES de Almada-Seixal 92%.
No Centro Hospitalar de Gaia 96% dos profissionais aderiram à greve e na cidade da Guarda, no nordeste Alentejano e no Centro Hospital de Coimbra a paralisação foi de 95%.
Os valores mais baixos foram no Hospital Divino Espírito Santo, nos Açores, com 83%, no Centro Hospitalar do Algarve, com 87%, e nos hospitais de Guimarães, Lamego e Setúbal, todos com 88%.